essa aconteceu há um milhão de anos. eu ainda estava no segundo grau, que atualmente chamam de ensino médio. devia ter uns vinte quilos a menos, ainda usava óculos, as espinhas tomavam conta do rosto e os cabelos não tinha experimentado as delícias da tecnologia capilar. na época, era alisabel e olhe lá. ficava lindo o cabelo!!! não sei o que era mais complicado: domar o volume da juba ou ficar com cabelo de playmobil...esticadim...durim...uma coisa. a história aconteceu nesse tempo. eu sou muito diferente daquela menina, mas uma coisa continua que nem que. eu não sei fazer contas. nunca soube. passar de ano em matemática e física sempre foi obra do pai arnápio, que já cuidava de mim muito antes de eu saber da existência desse poderoso santinho. eu e a minha amiga paula fomos lanchar no conjunto nacional. daí dá para ver a antiguidade do fato. quem hoje em dia vai lanchar no conjunto? nós éramos pobres de marré de si. as duas padeciam de falta de pai e as respectivas mães ainda são professoras. o dinheiro era dos mais curtos. como que a gente fazia? não lanchava....ia a pé pros lugares, vez em quando a gente pedia algum. mas, quase sempre as duas amigas - a fome e a vontade de comer - estavam duras, quebradas...mas, naquele dia resolvemos ir comer quibe numa venda que tinha no conjunto. cardápio nas mãos, fizemos todas as contas e concluímos que daria uns quatro quibes e dois refris. só que nos esquecemos dos dez por cento do garçom e quando veio a conta, quem é que disse que tínhamos dinheiro pra tudo? além do mais, éramos tão tontas que achávamos que os tais 10% eram de lei. muito bom...o que fazer? além do dinheiro insuficiente, só o que tínhamos no bolso eram vales-estudantis. uns papeizinhos que os estudantes usavam para pagar passagem de ônibus. os passes. decidimos que iríamos vender uns passes e completar a grana do quibe. e quem ia fazer o serviço sujo? a paula sempre usou da desculpa que era muito vergonhenta e que eu tinha um poder de argumentação melhor. hoje, sei que ela se aproveitava disso para não entrar cem por cento nas roubadas....lá fui eu com os vales nas mãos à cata de potenciais compradores. e como abordar? pelo menos eu estava arrumadinha e não tinha cara nem jeito, nem nada de trombadinha. pra minha sorte, o primeiro moço que eu abordei, não quis comprar meus passes, mas me perguntou por que diabos eu estava querendo vendê-los. contei a minha tragédia. ele perguntou quanto faltava pra completar a conta e me deu o dinheiro. pude ficar com os vales-estudantis, o que foi a sorte, porque sem eles nós teríamos que ir e voltar da escola a pé montes de vezes. não que isso fosse um problema...mas...de volta à mesa, a paula estava apavorada, porque o garçom devia de ter percebido algo errado e estava na espreita....bom..por um dia, eu fui vendedora da passe estudantil nas proximidades da rodoviária. mais tarde isso virou profissão. hoje não sei mais se fazem isso....
Nenhum comentário:
Postar um comentário