sábado, 13 de junho de 2015

carta para santo antônio

oi, santo antônio. começo me desculpando pelo meu maucaratismo galopante. com tanta gente por aí que crê em santos e em deuses, eu, uma herege juramentada, estou aqui para te atormentar. o mais grave, santo antônio, é que eu sou uma chata e o meu pedido vai ser dos mais custosos. em compensação, entenderei se você (não sei como me referir a santo!) der prioridade a outras solicitações. além disso, seu santo, eu prometo não te congelar no freezer, muito menos te jogar na sibéria - na verdade, nem sei exatamente onde fica esse lugar.
bom, desculpas apresentadas, lá vai minha demanda. eu não quero um namorado - já passei pela fase de ter um homem para chamar de meu mesmo que ele seja eleitor do aécio neves, fã do belo e usuário de colar de ouro. eu quero o namorado - ah! possivelmente vai ser para sempre namorado, porque também não sei se estou com vontade de casar de novo. a não ser, é claro, que você me mande o cara.
quem seria esse namorado, então? bom, não me importo muito com aparência ou idade, se bem que panturrilhas bem definidas são um espetáculo (adoro ficar reparando nas panturrilhas masculinas). assim, santo antônio, altura, peso, cabelo e as demais aparecências do moço não estão entre os dez principais requisitos, mas é essencial que eu morra de tesão por ele e que queira me atracar sempre que o vir. aliás, é crucial  que a recíproca seja verdadeira e que aproveitemos bem isso.
se físico não é o definidor, o caráter é. santinho (olha eu panhando intimidades e puxando o saco do antônio), o namorado tem que ser um sujeito completamente desprovido de preconceitos. precisa se preocupar com os mais pobres. ser inteligente o suficiente para compreender o mundo, sem ser pela visão da veja ou da globo. aliás, vamos combinar, que leitor da revista veja nunca vai ser o namorado. ah! os do tipo que odeiam também não servem. o mesmo vale para quem grita ou agride.
o namorado precisa gostar de futebol,  tocar um instrumento, ou ter muitos amigos. resumindo, meu santo, ele carece de ter o que fazer. eu sou uma senhora que preservo muito meus momentos solitários. passo horas costurando, bordando, lendo, escrevendo. então, necessito de pausas no namoro. é essencial que cada um tenha o seu mundo particular.
a profissão do namorado também não é definidora, mas ele tem que gostar do que faz e entender que eu gosto do meu ofício e de trabalhar. assim, ao invés de me atormentar porque vou chegar tarde nas terças e quartas, além de morta de cansada, ele pode ser do tipo que também tem tarefas. em compensação, chegarei cedo nos outros dias e cheia de amor para dar. ah! sofro de insônia. durmo muito tarde e acordo tarde, com um humor de doberman. melhora demais depois de uma da tarde. quase viro uma labradora. 
o namorado podia saber cozinhar. nem me importo de lavar as louças depois, mas queria muito alguém que matasse a minha fome. ah! o namorado deve ainda não atormentar se eu bater um pratão de feijoada, apesar de declarar estar de dieta. namorado bom bebe junto, mas me acode quando eu passar da conta (o que acontece normalmente depois da terceira lata de cerveja). outra coisa, meu santo. eu fumo e ainda não decidi se ou quando parar. então, se ele não me atormentar por conta disso é tudo de bom! não fumo maconha, porém, e não me incomodo se ele fumar. outras drogas considero mais complicado.
antes que você me mande praquele lugar, santinho, encerro por aqui as minhas reivindicações de o namorado. se bem que há outros aspectos vitais - o combinado não é caro. se o casal decidir ser monogâmico, nem vou me preocupar com escapadelas. o moço, se houver essa combinação, pode até cobiçar a mulher do próximo, mas que fique apenas na cobiça. agora, se o cobiçamento for além do que ele possa resistir, que seja discreto e plastifique tudo. agora, se o combinado for outro, que ele não se incomode comigo seguindo as regras. 
é esse meu pedido, santo antônio. agora, quero ver se você é mesmo craque. 
agradeço a atenção.