quinta-feira, 16 de setembro de 2010

na van...parte 2

essa história eu ouvi na van que me levou junto com dez barbados para ver o jogo do botafogo no serra dourada. lá vai. estava uma turma desses moços em morro de são paulo, na bahia. viagem só de homens e como toda viagem de homem que se preza, a ideia era conhecer mais intimamente o maior número possível de moçoilas. bom, lá estavam eles e um ficou curioso com uma propaganda que pipocava por todo canto: tratur - a oferta era para ir a boipeba pela estrada. isso seria feito a bordo de uma veículo quatro por quatro que, na verdade, era um trator adaptado para levar passageiros. só quem já usou esse meio de transporte, entende como é. geralmente, o cidadão fica sentado num banco de madeira, sacolejando pelas dunas a fora. é...um programão. a maior parte do grupo tentou convencer o sujeito empolgado do tamanho da roubada. mas, ele queria porque queria conhecer boipeba de tratur. não satisfeito, convenceu um outro a ir junto. sempre tem um que topa dividir roubadas! muito bom, lá foram os dois. mas, antes do embarque no trator, um conselho: não sentem nos últimos bancos, porque toda e qualquer areia do mundo vai parar na cara dos incautos que se aboletam no fundão. pelo menos a esse conselho, eles atenderam e correram para pegar os primeiros bancos de madeira do trator. nos bolsos, 66 camisinhas e um sundown. por que tanto preservativo? é o seguinte: um deles era um legítimo representante do time dos comeninguens...não pegava nada..necas..mas era um otimista e sempre carregava um enorme estoque de camisinhas...vai ver, né! bom...lá estavam os dois no trator sacudindo o esqueleto nas areias do caminho entre morro e boipeba. sentado atrás dois moços, um casal de meia idade. de cinquenta para sessenta anos. junto a eles dois meninos. provavelmente netos. muito que bem! de tanto sacolejar, as 66 camisinhas e o filtro solar escorregaram dos bolsos e foram parar dentro da bolsa da senhora acompanhada pelo marido e netinhos. e agora! como fazer para resgatar as preciosidades? e a vergonha de contar a ela o acontecido e pedir de volta. ainda se fosse só o sundown! mas como explicar aquele estoque enorme de olla! a dona iria achar que eram dois maníacos. a coragem para tal empreitada não veio! em boipeba tiveram que catar as sombras de coqueiro para evitar uma insolação e se já tava duro, ou melhor, mole, arranjar uma namorada, sem camisinha, que ficava quase impossível. voltaram para morro de são paulo vermelhos de sol e com a fama de comeninguens intacta. e o mais grave! como mesmo que a senhora explicou para o marido e aos netos que estava carregando na bolsa 66 pacotes de olla sabor morango?

na van...a epopéia de uma torcedora!

ser largada do marido tem duas grandes desvantagens. uma é que não há um alguém para ir ao supermercado por você ou com você. eu odeio com todas as forças do mundo fazer compras de comida. odeio o ritual de escolher, colocar na esteira do caixa, empacotar, pagar, colocar no carro e depois guardar. isso sem falar que sempre fico uns duzentos reais - no mínimo - mais pobre, cada vez que coloco meus dois pés num supermercado. a outra desvantagem é que maridos costumam comparecer pelo menos umas duas vezes por semana. então, é uma rotina mais ou menos garantida e quando o marido da vez é competente neste quesito, a gente fica mais alegrinha nesses dias. sem marido e sem um namorado fixo, fica mais complicado se entregar aos prazeres da carne. em compensação, são muitas as vantagens e a maior delas, acho eu, é ser dona do meu nariz de carcamana...ah! um dia eu faço uma plástica e o nariz vai ser de sueca! bom! como uma legítima torcedora do botafogo, e de férias aqui em brasília, fiquei sabendo que o glorioso iria enfrentar o goiás, na capital goiana. pensei cá com meus botões...bem que eu podia ir a goiânia ver o jogo! a dificuldade era que largada do marido como estou, ia ter que achar alguém igualmente botafoguense e igualmente com tempo para ir comigo. havia dois problemas: eu sou cega de marré de si à noite, o que torna um pouco complicado pegar estrada depois do pôr do sol e eu acho que não tenho coragem de ir a um estádio de futebol sozinha. mas, ao saber da minha vontade, um atual amigo e ex-namorado me chamou para ir com ele. mas..seria numa van. outros dez homens iriam também...bom, levei umas 24 horas matutando se era umas ou seria um programa indígena cinco machadinhas. mas, decidi arriscar. o máximo que eu perderia era uma noite na minha vida. e lá tava eu, quatro e meia da tarde numa van, com dez barbados e um isopor cheio de cervejas e três cocas zero (todas para mim, porque ficar balão não era, em definitivo, a melhor das ideias). de cara, me assustei com a rapidez no consumo das cervejas...e à medida em que o isopor ia ficando vazio, as vozes aumentavam de volume e as piadas iam ganhando temas mais sexuais. ou seja, em bom português - piadas de sacanagem. mas nada que não podia ser resolvido com um ipod grudado no meu ouvido, e os rolling stones gritando. depois de uma três horas e de duas paradas - uma para repôr o estoque de cerveja e outra para os dez sujeitos irem fazer xixi (mijar, para os homens), no acostamento, chegamos ao serra dourada. ah! na hora do xixi, eu fui proibida de sair da van!!! - fica aí dentro, viu!! até parece que eu ia me meter a besta. no estádio, eu me toquei do luxo que é ir a um jogo com dez acompanhantes. um comprou meu ingresso, outro me comprou uma bandeira, me colocaram para dentro. ganhei pipoca, batata frita, mais coca zero. só quem não ganhou nada foi o botafogo. aliás, ganhou uma surra. a cada gol do goiás, a moral da tropa ia caindo e depois de quatro sacudidas na rede do gol do jefferson, o jeito era tomar rumo de casa. confesso que nessa hora, bateu uma certa preocupação. os moços estavam muito bravos. pensei: caramba! vai ser dura essa viagem de volta. bobagem! o isopor foi novamente abastecido e um dos moços decidiu contar histórias das roubadas nas quais já se meteu. foram umas duas horas de risada. rir de chorar! o resultado da toada: o glorioso caiu do terceiro para o quarto lugar na tabela, amigos cruzeirenses e flamenguistas (sabe-se lá por que) me zoaram via torpedos, e eu me diverti à beça! é! ser largada do marido tem suas vantagens!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

poeminha do drummond 2

eu paquero ele, mas ele não me paquera. o que fazer, se a toada parece o poeminha do poeta em que joão amava teresa, que amava raimundo, que amava maria, que amava joaquim, que amava lili, que não amava ninguém.....posso me casar com j.pinto alves, que não tinha entrado na história, ou posso dizer pra ele: me paquera vai?

"quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: deus te mandou um presente: o amor. por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor." cda

domingo, 12 de setembro de 2010

a dança da solidão

como já contei há algum tempo, sou uma negação em títulos. até que depois, o texto flui razoavelmente bem. digo razoável, porque estou longe de ser uma escriba de talento, mas remedando drummond, os que foram determinados pelos anjos a serem gauche na vida, também podem se dar o direito de escrever. bom, o outro título que pensei para esse texto foi síndrome de julia roberts. simplesmente, porque acho a julia a mulher mais bonita do planeta. diz meu amigo nilo, que só mulher acha a julia linda. os homens têm outras preferências. mas, como sou da turma do feminino, considero a moça uma formosura. e com toda aquela lindeza com a qual foi premiada - tudo bem que em notting hill, a anna scott diz que precisou de ajuda de mãos talentosas para desenhar umas partes do seu rosto - a julia roberts escolheu, escolhe e vai escolher os homens da vida dela. ela não é escolhida, mas escolhe. e nunca, mas nunca, nunquinha na vida, fica sozinha, porque basta um estalar de dedos, que o gajo que ela elegeu para ser seu par, aparece montado em um cavalo branco, que nem o príncipe felipe da bela adormecida. bom, eu ando com a síndrome da julia roberts e isso está me assustando. a impressão que tenho é que se eu não baixar a minha bola, vou ficar sozinha pro resto da vida. nunca mais marido. nunca mais namorados firmes, mas a dança da solidão! eu decidi, sabe-se lá por que cargas d'água que para ficar comigo, o cidadão tem que preencher uma série de exigências: altura certa, não ter mais de 120 quilos,  uma cara que não seja muito assustadora, não pode ter religião - a não ser aquelas mais cool e desde que não seja fanático, votar nos candidatos mais progressistas, não ficar no meu pé, gostar de boa música, mas achar graça de eu amar o fábio júnior e querer casar ao som do "é o amor". a lista segue. o resultado é que não tem um que sirva. sempre arranjo algo para implicar. e agora entendi o motivo. estou, repetindo, com síndrome de julia roberts. decidi que eu posso escolher quem eu quiser e que o escolhido vai estar à minha disposição. só que a realidade é muito diferente! estou a anos luz da lindeza da julia. portanto, seguindo a minha própria tese, não é pro meu bico tanta escolha. até porque, pensando bem, a vida não deve ser fácil nem para a julia. triste, né!