domingo, 22 de agosto de 2010

vamos aprender a escrever?

antes de as redes sociais na internet bombarem, a interação se dava basicamente de forma oral. as pessoas conversavam com as outras. ou era pelo telefone - me lembro de ficar horas pendurada com minhas amigas, para desespero de quem pagava a conta e dos demais habitantes da casa, que ficavam privados do telefone. também conversávamos pessoalmente, mas muito pouco era trocado via escrita. quando acontecia, era por cartas, cartões ou telegramas. mas, nesse caso, o conteúdo ficava restrito, geralmente, a quem mandava e a quem recebia. hoje, é batata! escreveu em rede social, a ideia viaja pelo mundo. coloquei um contador nesse humilde, pouco divulgado e muito restrito blóguio e descobri que gente da alemanha, argentina e portugal já passou por aqui. frequento outras redes e todas com o perfil totalmente aberto. podem ler e ver o que quiserem. mesmo porque acho o cúmulo da cafonice passar cadeado no que é escrito em rede. quem quer segredo das suas histórias, basta não publicá-las e pronto e acabou! bom, com a mudança na maneira de as pessoas conversar - da oralidade para a escrita, ficou escancarado o tanto que a moçada manda mal na faculdade de juntar as letras. escancarado, igualmente, o meu preconceito contra os que não são muito amigos da língua portuguesa. antes das redes sociais, os meus critérios para namorar ou ser amiga de alguém eram - no primeiro caso, a aparência (quem olha meus ex-, percebe que são bem parecidos), opções políticas e sociais, inspiração na alcova e capacidade de me fazer dar risada. hoje, a competência nos teclados ganhou uma importância enorme. dia desses, me peguei enlouquecida com uma dona que teimava em escrever geito. não resisti, e muito sem paciência, gritei que era com j. assim como dançar. no passado, na primeira pessoa do singular, a cedilha some. e o erro na cedilha faz, definitivamente, o sujeito dançar. e já li de um tudo: agente, no lugar de a gente, anciosa ( se bem que ouvi na cbn, que com c também está certo), e por aí vai. eu também erro? claro que sim e aos montes...mas, pelo menos no que diz respeito a mim, o erro maior é o preconceito que nasceu. quem não sabe escrever também é gente (é uma metáfora), ou não?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

meus tocs

teve um tempo que a moda era discutir os transtornos obsessivos compulsivos dos famosos nas páginas da imprensa. ficamos sabendo que a vendramini quase endoidou com os tocs dela e que o rei estava tratando dos dele. já tava até quase pensando em permitir o marrom nas redondezas. aliás, diga-se de passagem, abominar o marrom não é toc. é bom gosto! tem cor mais feia que marrom? comparada, apenas, eu acho ao roxão e ao verde craca de nariz! mas..nessa época vira um dos moleques aqui de casa: mãe, qual o seu toc? qual é o que? o seu toc, mãe. a sua mania. ah! tava na cara que era mais uma daquelas perguntas que filhos fazem para deixar as pobres mães em saia justíssima. do tipo: vez em quando eu ouço uns barulhos esquisitos no seu quarto..o que tava acontecendo lá? ou, mãe, por que a moça aqui do lado tem os olhos assim? mãe, quem fez pum? foi a vovó? esse tipo de coisa. mas, resolvi dar um mole pro moleque e responder: não tenho toc algum. sou total toc-less! o rumo da prosa mudou, até que um dia, um amigo que mora sozinho me confessou que estava impressionado, porque estava ficando cheio de manias. e aí, me perguntou se eu tenho manias. pensei um pouco e disse que não. que acho que não sou maniada. mas, lá pelas tantas,  comecei a acreditar que sou a pessoa mais esquisita do universo. como que pode um ser sem tocs e sem manias? afinal das contas, o chique é tê-los e não não tê-los. e agora? vou acabar ficando de fora das conversas mais interessantes? vamos, então, à busca das minhas manias, já que tocs, vai ser um pouco mais complicado. então tá. cavucando o cabeção, me toquei (não tocei) que tenho mania de desodorante. vira e mexe eu acho que não fiz o uso do produto antes de sair de casa. para complicar um pouco mais, eu uso o do tipo sem cheiro - (outra mania) e aí não dá para fazer uma pós-checagem. pra resolver, tem sempre um extra no porta-luvas do carro e outro no trabalho. com muita frequência, eu mancho minhas roupas por conta disso. ridícula minha mania? também acho...mas prometo me aperfeiçoar e longuinho, loguinho vou me sentir totalmente incluída nas rodas de conversa das pessoas mais antenadas da sociedade. me aguardem!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

fiz as pazes

sabe quando acontece de a gente se apaixonar por alguém, algo ou algum lugar e esse amor não ser correspondido de jeito nenhum? lembra daquele menino da escola que arrancava todos os seus suspiros, fazia as borboletas darem cambalhotas na sua barriga, mas necas de dar bola? era assim a minha relação com trancoso. conheci trancoso, a pequena vila perto de porto seguro por fotos e por histórias. morria de inveja das pessoas que já tinham ido lá e falavam maravilhas das praias, da pintura que é o quadrado, da baianidade discreta, mas presente dos moradores e do visual mais do que perfeito que se descortina por trás da pequena igreja. isso sem falar do cemiterinho, que fica no final do quadrado. sempre tive uma queda por cemitério. é meu lado ronaldo esper. mas só ouvia. passei bons anos da vida sem muitas chances de viajar. renca de menino pequeno e diminuto também era o orçamento. até que um belo dia apareceu a oportunidade. minha irmã topou cuidar dos moleques e fui com um namorado novo. estava em salvador e lá também estava o carro da firma que meu irmão usava. um carrão. totalmente fora do que eu estava acostumada. se bem que acho que naquela época eu já tinha passado por um up grade no quesito automóvel e não era mais motorista de 147 nem de unos mille (foram vários). bom, mas sabe-se lá por que motivo, o moço quis que eu dirigisse na estrada entre arraial e trancoso. a minha competência nas estradas da vida na frente de um volante é sofrível, mas o sujeito encheu a paciência e lá fui eu. o resultado é que um barranco surgiu bem na frente. cheguei a trancoso na boléia de um caminhoneiro, que me resgatou do que sobrara do carrão chique da firma do meu irmão.por sorte, nada grave no corpo. meia dúzia de hematomas, as pontinhas dos dentes quebradas e dores por todo lado. mas, de resto, eu tava ótima. quem olhava o carro nem acreditava. o tal namorado também não se machucou. machucada, porém, estava a minha alma e totalmente frustrado o meu primeiro encontro com trancoso. fazendo um paralelo, foi como eu me ajeitar muito para uma festa e o moço para quem eu me perfumei, simplesmente dançar com outra a noite inteira. esse encontro não aconteceu. mas, sou muito, mas muito teimosa até o talo e não desisti. uns dois anos depois, com o mesmo sujeito, voltei a trancoso. dessa vez o carro não sofreu arranhões, mas o cidadão caprichou tanto no tratamento dispensado à namorada dele (no caso, eu) que proporcionou à moça as piores férias da vida. os detalhes são tão sórdidos e tristes que nem compensam ser lembrados e descritos. a pobre de trancoso levou a culpa. definitivamente, as praias, o quadrado, a falésia e o pequeno cemitério não eram pro meu bico. até que surgiu uma viagem a trabalho para porto seguro e eu inventei de me hospedar na pequena vila. era a minha terceira e derradeira oportunidade de a paixão platônica virar realidade. se não desse certo, eu jogava a toalha e desistia de trancoso. mas, dessa vez eu aprendi que a vila sempre foi linda. feia era a minha companhia. assim que puder, me mando de novo pra trancoso....pode me esperar!