segunda-feira, 16 de agosto de 2010

fiz as pazes

sabe quando acontece de a gente se apaixonar por alguém, algo ou algum lugar e esse amor não ser correspondido de jeito nenhum? lembra daquele menino da escola que arrancava todos os seus suspiros, fazia as borboletas darem cambalhotas na sua barriga, mas necas de dar bola? era assim a minha relação com trancoso. conheci trancoso, a pequena vila perto de porto seguro por fotos e por histórias. morria de inveja das pessoas que já tinham ido lá e falavam maravilhas das praias, da pintura que é o quadrado, da baianidade discreta, mas presente dos moradores e do visual mais do que perfeito que se descortina por trás da pequena igreja. isso sem falar do cemiterinho, que fica no final do quadrado. sempre tive uma queda por cemitério. é meu lado ronaldo esper. mas só ouvia. passei bons anos da vida sem muitas chances de viajar. renca de menino pequeno e diminuto também era o orçamento. até que um belo dia apareceu a oportunidade. minha irmã topou cuidar dos moleques e fui com um namorado novo. estava em salvador e lá também estava o carro da firma que meu irmão usava. um carrão. totalmente fora do que eu estava acostumada. se bem que acho que naquela época eu já tinha passado por um up grade no quesito automóvel e não era mais motorista de 147 nem de unos mille (foram vários). bom, mas sabe-se lá por que motivo, o moço quis que eu dirigisse na estrada entre arraial e trancoso. a minha competência nas estradas da vida na frente de um volante é sofrível, mas o sujeito encheu a paciência e lá fui eu. o resultado é que um barranco surgiu bem na frente. cheguei a trancoso na boléia de um caminhoneiro, que me resgatou do que sobrara do carrão chique da firma do meu irmão.por sorte, nada grave no corpo. meia dúzia de hematomas, as pontinhas dos dentes quebradas e dores por todo lado. mas, de resto, eu tava ótima. quem olhava o carro nem acreditava. o tal namorado também não se machucou. machucada, porém, estava a minha alma e totalmente frustrado o meu primeiro encontro com trancoso. fazendo um paralelo, foi como eu me ajeitar muito para uma festa e o moço para quem eu me perfumei, simplesmente dançar com outra a noite inteira. esse encontro não aconteceu. mas, sou muito, mas muito teimosa até o talo e não desisti. uns dois anos depois, com o mesmo sujeito, voltei a trancoso. dessa vez o carro não sofreu arranhões, mas o cidadão caprichou tanto no tratamento dispensado à namorada dele (no caso, eu) que proporcionou à moça as piores férias da vida. os detalhes são tão sórdidos e tristes que nem compensam ser lembrados e descritos. a pobre de trancoso levou a culpa. definitivamente, as praias, o quadrado, a falésia e o pequeno cemitério não eram pro meu bico. até que surgiu uma viagem a trabalho para porto seguro e eu inventei de me hospedar na pequena vila. era a minha terceira e derradeira oportunidade de a paixão platônica virar realidade. se não desse certo, eu jogava a toalha e desistia de trancoso. mas, dessa vez eu aprendi que a vila sempre foi linda. feia era a minha companhia. assim que puder, me mando de novo pra trancoso....pode me esperar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário