terça-feira, 22 de julho de 2014

tpm

poucas coisas me irritam tanto quanto ouvir o comentário: tá nervosinha? deve ser tpm! como se eu não desse conta de ficar igualmente nervosinha nos 365 dias do ano. nunca fui muito de sofrer no período que antecede a menstruação, apesar de os peitos já enormes dobrarem de tamanho e a barriga passar a acreditar que está com seis meses de gravidez. mas, vez em quando me percebo muito mais brava do que o normal. faço umas contas e pimba! é a tal da tpm. hoje mesmo, quase saí no tapa com umas quatro pessoas diferentes. tudo bem que é absurdamente irritante não conseguir trocar um presente - experimenta fazer aniversário em períodos de liquidação para ver o que é bom para tosse - mas nada justificaria o impulso de ira que tomou conta da minha pessoa quando a vendedora veio com aquela conversinha: não trocamos produtos em promoção! pô! só queria um número menor! nem era para me dar outro modelo...só um 36! mas, dei uma respirada e consegui controlar a fúria galopante - quando eu era pequena, a minha avó me ameaçava com pneumonias galopantes cada vez que eu saía sem chinelos do banho fervendo. até hoje não sei bem como é essa tal pneumonia. raiva contida...decidi que um pretzel ajudaria - como de fato ajudou! mas, andando pelo shopping comecei a rir de mim. me toquei que passei uma hora e meia no salão xingando as revistas de mulherzinha! na caras a reportagem de uma atriz, modelo, manequim, manicure que teve filho há um mês e estava estonteante! sem uma mancha no rosto! cabelo lindo! vamos combinar que ninguém fica linda com filho recém-nascido. é um embagulhamento total. não dá tempo de cuidar da cabeleira, unha para fazer. as olheiras chegam na bochecha! aquela pança murcha e duas rodelas na camiseta! mas, se não fosse pela infeliz da tpm, nem teria ligado..só, daria uma risadinha e pensaria nos milagres do photoshop! bom..o jeito agora é brincar de estátua e fazer uma novena para que o sangue chegue logo! ah! e um conselho..quando a sua moça estiver com tpm, economize nas gracinhas e nunca solte: tá nervosinha, é?? nervosinha é a PQP!

domingo, 20 de julho de 2014

envelhecer..

depois dos 35 anos, fazer aniversário virou uma tortura. de um lado eu adoro receber o carinho que vem de todos os lados e que me enche a alma da mais completa alegria. de outro, bate aquela total paúra de estar absolutamente despreparada para o envelhecer que chega aos galopes. caramba! até um dia desses, eu era aquela menina que subia em todas as árvores que surgiam na minha frente. uma menina que vivia encardida da terra vermelha de brasília, porque simplesmente não conseguia dar conta de ficar em casa quietinha brincando de boneca. até dia desses, eu estava com meus amigos tão queridos do colégio dom bosco e depois metidésima estudando na unb. desfilava pelo minhocão como se todo aquele espaço me pertencesse. foi outro dia que decidi que não seria mais virgem, para acabar de vez com o que eu considerava uma bobagem. foi outro dia que no bom demais vi por muitas vezes a cássia cantar. no bom demais conheci o moço que seria o pai dos meus filhos. dia desses, eu estava em casa sozinha quando me peguei fazendo xixi nas calças, mas nem era isso, mas uma tal de bolsa estourando - minha amiga nina cláudia que me acudiu. dia desses eu quase morri de dor esperando por doze horas por um tal de parto normal - afinal eu era uma menina saudável e queria muito. foi dia desses que o mais novo se automatriculou na escola e não satisfeito não derramou uma única lágrima, enquanto todas as demais crianças se esgoelavam. foi dia desses que eu encontrei o amor de novo. e também dia desses que eu senti na pele o quanto dói a dor do amor. sabe dor que dói a pele? dia desses eu arrumei um empregão, num momento em que tinha a certeza que não daria para a coisa. dois filhos, um livro, muitos textos, alguns prêmios, uma casa, muitos bichos que já passaram e passam todo dia. a vida voa...e a sensação é que está rápido demais. não rola uma pausa? tipo um período sabático - sem aniversários, sem presentes, sem comemorações deliciosas, mas, em compensação - o corpo congela e não envelhece uma célula? não, rola, né! então, o jeito é celebrar a vida. a sorte danada de ser amada por tanta gente. a sorte danada de ter saúde e uma esperança infinita e teimosa.. acima de tudo, a sorte enorme de ter tão intocada a capacidade de sonhar e de ousar! ah! calendário! te pego lá fora!