domingo, 20 de julho de 2014

envelhecer..

depois dos 35 anos, fazer aniversário virou uma tortura. de um lado eu adoro receber o carinho que vem de todos os lados e que me enche a alma da mais completa alegria. de outro, bate aquela total paúra de estar absolutamente despreparada para o envelhecer que chega aos galopes. caramba! até um dia desses, eu era aquela menina que subia em todas as árvores que surgiam na minha frente. uma menina que vivia encardida da terra vermelha de brasília, porque simplesmente não conseguia dar conta de ficar em casa quietinha brincando de boneca. até dia desses, eu estava com meus amigos tão queridos do colégio dom bosco e depois metidésima estudando na unb. desfilava pelo minhocão como se todo aquele espaço me pertencesse. foi outro dia que decidi que não seria mais virgem, para acabar de vez com o que eu considerava uma bobagem. foi outro dia que no bom demais vi por muitas vezes a cássia cantar. no bom demais conheci o moço que seria o pai dos meus filhos. dia desses, eu estava em casa sozinha quando me peguei fazendo xixi nas calças, mas nem era isso, mas uma tal de bolsa estourando - minha amiga nina cláudia que me acudiu. dia desses eu quase morri de dor esperando por doze horas por um tal de parto normal - afinal eu era uma menina saudável e queria muito. foi dia desses que o mais novo se automatriculou na escola e não satisfeito não derramou uma única lágrima, enquanto todas as demais crianças se esgoelavam. foi dia desses que eu encontrei o amor de novo. e também dia desses que eu senti na pele o quanto dói a dor do amor. sabe dor que dói a pele? dia desses eu arrumei um empregão, num momento em que tinha a certeza que não daria para a coisa. dois filhos, um livro, muitos textos, alguns prêmios, uma casa, muitos bichos que já passaram e passam todo dia. a vida voa...e a sensação é que está rápido demais. não rola uma pausa? tipo um período sabático - sem aniversários, sem presentes, sem comemorações deliciosas, mas, em compensação - o corpo congela e não envelhece uma célula? não, rola, né! então, o jeito é celebrar a vida. a sorte danada de ser amada por tanta gente. a sorte danada de ter saúde e uma esperança infinita e teimosa.. acima de tudo, a sorte enorme de ter tão intocada a capacidade de sonhar e de ousar! ah! calendário! te pego lá fora!

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