quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

saudades de gostar....

dia desses, ouvi de uma amiga: ô lalá, tô com saudades de gostar! saudades dos muitos períodos da minha vida em que amei homens. ando incomodadíssima com isso, porque caiu minha ficha que também estou com muitas saudades de me apaixonar. saudades de sentir borboletas voando no estômago cada vez que o ser apaixonado ou amado telefona, encosta em mim ou faz um carinho mais sensual. porque quem está apaixonado ou amando sabe bem o tanto que é diferente quando se é tocada pelo moço certo! os outros podem até despertar desejo, mas não é nunca a mesma coisa do que ser acariciada pelo ser amado. disso que tenho saudades. quem, por um acaso na vida ler esse texto pode pensar: ô coitada dela! não consegue atrair homem nenhum! deve de ser uma dona chata, feia, fedorenta e burra! não sou nada disso. pelo menos acho que não! além disso, andei fazendo contas e só nesse ano que se encerra amanhã, mais de dez sujeitos diferentes passaram pela minha vida. só que eu, simplesmente, não me interessei por nenhum deles. todos tinham defeitos intransponíveis: cabelo demais no peito (um), pouca altura (menos de 1,80 - outro), votou no serra (outro), usava camisa pólo (vários). fala a verdade? não são defeitos demais? as mais sensatas vão dizer que não. afinal, não tem nada demais namorar o clone do totó e o guarda-roupa do sujeito pode passar por um extreme make-over! pois é! até concordo que sou mais chata do que o juízo aconselha, mas fui assim em 2010. talvez uma ideia, ou uma resolução para o ano que começa é dar uma relativizada. (eu sou tão pentelha, que num encontro com um homem lindo, ele dana a falar mal do lula. lá pelas tantas, perguntei: onde mesmo que você aprendeu tudo isso contra o lula? na veja, respondeu o cristão. e vira eu: que tal passar a ler a contigo? você vai ficar muito melhor informado).  nessa de ser mais flexível, eu não poderia, simplesmente mudar o rumo da prosa e buscar afinidades? talvez eu pudesse ter me apaixonado por ele! apesar de  não gostar do lula, ele tinha outras tantas qualidades que eu admirava! então, se me toquei que estou com uma enorme saudades de amar de novo, uma ajuda que posso me dar é me permitir amar. isso passa, é claro, pela tolerância. só tem um brad e um clooney e aposto que de perto eles também não são perfeitos! esse é um acordo que vou fazer comigo mesma. vou me permitir, e quando encontrar um amável, ir à luta. não desistir simplesmente como ando fazendo. afinal das contas, sempre defendi a tese que é melhor amar, mesmo não sendo amada de volta, do que simplesmente não amar! ai, que saudades...............

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quase vinte...uma carta para minhas amigas...


vou começar dando uma de bel e pedindo desculpas pelos presentes de natal deste ano. há muito tempo eu não experimentava uma fase tão desprovida de dinheiro na conta e aí os regalos ficaram do tamanho das minhas possibilidades. bom...sessão bel concluída...sabem de uma coisa...no ano que vem completam 20 anos que eu sou formada. sou da turma de 1990 da unb, mas por conta das mil e uma greves enfrentadas, só peguei o canudo lá para março ou abril do ano seguinte.
o bsb brasil foi meu primeiro emprego como jornalista. devo ter batido na porta daquele barracão velho no sig lá por maio ou junho. um moço pouco mais velho do que eu chefiava e assim que falei meu nome, ele soltou: ah! você que é a mulher do paulo miranda. muito das metidas que sempre fui e continuo sendo, respondi: não, eu sou a larissa bortoni, mesmo. em seguida, pensei: lascou! agora que não arrumo o emprego, mas para a minha surpresa, ele ligou em uns dois ou três dias e lá fui eu começar a minha jornada como repórter de cidade. bom, deu no que deu!
eu não sei qual de vocês que conheci primeiro. provavelmente a taís. a bel era muito chique e cobria política na recém instalada câmara legislativa. a cláudia não me dava bola de jeito nenhum. aí, fui me aproximando daquela moça linda. muito morena, de cabelo lisão (morria de inveja) e comprido. a parceria era a mais improvável possível. eu, petista roxa, que ainda o sou e a moça casada com o temido cláudio humberto – o porta-voz do mais terrível ainda presidente collor. mas, por  enorme ironia do destino, ou como prefiro acreditar, porque sou uma pessoa de muita sorte, a petista e a mulher do porta-voz foram se aproximando. almoçávamos juntas todo santo dia. de reboque vinha a cláudia, que já era amiga da taís. logo, a bel foi se aproximando. gente, isso tudo aconteceu há quase vinte anos. lá pelos meados de 2011, nós faremos o aniversário de vinte anos de amizade.
já pensaram o tanto que nós somos afortunadas de após duas décadas estarmos juntas!  nós crescemos juntas. estamos quase virando gente grande. juntas, vimos os nossos filhos virarem homens e mulheres. juntas, tivemos  outros filhos, e se tudo acontecer como eu pretendo que aconteça, juntas, vamos ver nossos netos correndo pelo gramado do parque da cidade. tenho histórias específicas com cada uma de vocês. com cada uma e com as quatro juntas eu vivi emoções fortíssimas. chorei, dei risadas, brinquei, fui feliz, fiquei triste. são vinte anos de vida juntas! olha que coisa! quem diria! e eu até virei boa jornalista. os meus primeiros meses naquele galpão do bsb foram quase que insuportáveis, mas lá pelas tantas, nem ligava. eu tinha ganhado amigas!!!
bom, mulherada! essa carta para as minhas amigas é para alertá-las que no ano que vem, vamos comemorar o nosso vigésimo aniversário de amigas e para dizer que saber que sempre tenho vocês por perto me ajudou a ser mais feliz neste tempo todo. feliz natal e nem preciso dizer, mas eu amo profundamente cada uma das minhas companheiras do clube da felicidade e da sorte!
bsb, 14 de dezembro de 2010.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

eu também sinto medo e muito!!

dia desses no carro, meu filho mais velho estava reclamando que o menor não conta o que acontece com ele e aí fica muito difícil para ele cuidar do pequeno. mãe, às vezes ele se ferra e não fala nada!! como mesmo que eu vou protegê-lo!! aí, vira eu: e a mim? quem cuida de mim? ah, mãe!! você é uma das pessoas mais valentes que eu conheço. não precisa de ninguém cuidando de você, não. êpa!! qual é, moleque? nem sou tão corajosa assim e, na verdade, preciso muito que cuidem de mim! tenho medos que nem todo mundo, e o medo maior é o de perder pessoas amadas. vivi esse medo com muita intensidade no dia 29 de novembro de 1993. dois dias antes, tinha vindo ao mundo meu filho mais novo. fez o favor de dar o ar de sua graça sessenta dias antes da data certa. foi até bom, porque ele queria porque queria chegar ainda antes. foi um esforço engabelar ele até o sétimo mês. mas teve uma hora que nem a mãe e nem o moleque aguentavam mais. o resultado foi um parto de emergência e um pequenininho que ainda não sabia respirar. corre com o moleque para o respirador. uma máquina tinha que fazer o serviço que os pulmões ainda não sabiam como. a maternidade não era das mais equipadas e na manhã do dia 29, me peguei sozinha no quarto do hospital. todo mundo sumiu. lá pelas tantas me aparece o pediatra do filho mais velho, já meu amigo. veio com uma conversinha mole, mas diante de tanta pergunta contou: o bebê foi removido! o pânico veio com força total! removido é quem está morto! ele morreu?, perguntei. não, mas achamos melhor levá-lo para outro hospital com uti, mas fica tranquila, que está tudo bem. ah, tá! quem tá bem vai mesmo para uti. me dei alta da maternidade onde estava, para desespero das enfermeiras e sem o consentimento da obstetra e me mandei de táxi para a tal uti. quando lá cheguei, ouvi um choro alto, de homem. não sabia quem chorava, nem de onde vinha, mas logo descobri que o desespero era do pai do meu filho. o pânico voltou com mais força ainda: agora danou-se! mas, o chefe da uti nos explicou que as chances do pequeno eram enormes. ele era grande para um prematuro (e era mesmo em comparação com os outros nenês que estavam por lá). e que ele tinha a certeza que tudo daria certo. foram seis dias de vigília e angústia. nessas horas todas, alguns sustos, mas tudo funcionou com devia e antes de uma semana de uti, o rapazinho teve alta. mas a gente ainda não podia ir para casa, porque ele fez o favor de ficar com icterícia. mais uma noite de hospital tomando banho de luz. pedi para a família para ficar sozinha com ele aquela noite. seriam as nossas primeiras horas juntos. seria a primeira vez que eu poderia pegá-lo no colo por horas...trocar a fralda, amamentar direito. era um momento só de nós dois. me lembro que fazia um calor absurdo em brasília e a luz forte do aparelho anti-icterícia transformava o quarto numa sauna. tinha até ar condicionado, mas quem disse que eu tive coragem de ligar o aparelho! e se ele pegasse uma pneumonia galopante por conta do ar frio??? na manhã seguinte, eu e o pequeno de pele bem branca e uma cabeleira muito preta fomos para casa. isso, quase dez dias depois do nascimento. durante todo esse período, eu fui cuidada e recebi o carinho de muitos, mas nada era capaz de amainar o meu medo. estava em permanente estado de pavor. medo de perder. medo de não dar certo. um medo tão enorme, que nem dá para descrever. dia desses, esse moleque virou para mim e disse que ia para uma festa de uma menina de 17 anos. que isso, menino!!! desde quando você vai em festas de gente tão mais velha??? mãe, daqui uns dias, eu também faço 17! foi quando a ficha caiu. o meu  caçula está quase "de maior". o medo hoje é menor, mas está presente. medo de ele e do irmão não serem felizes. medo de eles sofrerem e eu não poder evitar essa dor. medo do que a vida de adulto reserva para esses dois e sem eu estar lá para proteger. mesmo porque, uma hora eles vão ter que encarar o mundo sozinhos. o meu consolo é que os dois já avisaram que não pretendem sair de casa tão cedo...muito bem, meninos...vão ficando...podem ir ficando!

domingo, 28 de novembro de 2010

minhas companhias no show do paul

há pouco menos de uma semana vivi uma das maiores emoções da vida: fui a um show de um beatle. chegar lá foi uma verdadeira epopéia. para começar, tava mais fácil dar uma voltinha num dos ônibus espaciais da nasa do que comprar os ingressos. tiquetes comprados, fomos atrás de passagens aéreas mais baratas (lembrando que estou numa fase de dinheiro curtíssimo!) e que fossem em bons horários para ir e voltar. achamos! hospedagem não era problema, porque essa é a única vantagem de a minha irmã morar em sampa. se bem que eu nem ligaria de pagar hotel, se um dia ela tomar juízo e fazer o retorno de jedi. mas, lá estávamos nós. chegamos a são paulo três dias antes do show. já que era para ir para aquela cidade esquisita, que, pelo menos, aproveitasse o que a terra da garoa tem para oferecer - bons botecos. junto comigo na jornada paul, pessoas que eu amo. companhias deliciosas. o resultado dessa equação - bares bons, amigos queridos e tempo livre - foi que lá pelas tantas, o mau anunciou que se mantivéssemos a toada, íamos acabar alcoolatras, gordos e vagabundos, já que estávamos matando serviço. mas, na verdade, esse texto é para falar da minha emoção no show. na segunda música, eu já estava chorando. chorei outras vezes. aliás, a cada canção mais linda dos beatles, eu abria o meu chorador! ao meu lado, como já disse, pessoas mais que queridas. só que além delas, uns fantasmas estavam comigo durante as três horas do espetáculo. alguns fantasmas mesmo. pessoas que não estão mais por aqui. outras, fantasmas que passaram por mim, mas que não compartilham mais da minha vida. me lembrei dos meus ex-maridos. os dois são atualmente cinquentões e, com certeza, curtiram mais os beatles do que eu. nasci um pouco antes de eles se separarem. mas, quem não saiu da minha cabeça foi meu pai. ele é de 1944 e morreu no final dos anos 70. não tive a oportunidade de perguntar se ele era fã do quarteto de liverpool. mas, pelo pouco que vivi com ele, aposto mil pilas que o seu clécio curtia o rock e as baladas dos ingleses. ele ficou comigo o tempo todo. viu o paul comigo e  a companhia dele foi um show a parte. valeu, sir paul mccartney e muito obrigada pela emoção que me fez sentir!!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ainda com saudades da minha avó

quando a adolescência me alcançou, meus avós estavam de volta a são lourenço, no sul de minas gerais. os perrengues econômicos os expulsaram do rio de janeiro. passaram pela baixada fluminense, por mais algumas cidades pelo sudeste - meu avô gostava muito de mudar - mas tinham sossegado o facho num casinha tão comprida quanto estreita. ficava ao lado da casa da minha tia-avó. irmã mais velha da minha vó, que logo o câncer levou. antes de morrer, essa tia teve que amputar o braço. me lembro dela. muito miudinha. muito branquinha e sem o braço. era que nem um passarinho alquebrado. mesmo após a morte da irmã, a minha avó ficou nessa casa-trem. pelo menos era assim que me parecia. um enorme corredor, de onde saíam os quartos - dois, o banheiro, uma salinha de estar/tv, uma salinha de jantar e a cozinha. antes de começar isso tudo, tinha uma espécie de ante-sala. era lá que a dona aparecida instalou a sua cadeira de balanço. nessa cadeira, ela fazia o seu crochê e rezava o terço. eu já era adolescente e ela ainda mais vózinha. a audição piorara, mas, em compensação, tinha dado um fim na catarata. enxergava com a ajuda de uns óculos de lentes totalmente fundo de garrafa. mais ou menos que nem os óculos que eu usava na época e que me permitiam ver o mundo, apesar dos oito graus de miopia. foram muitas e muitas férias naquela casa-trem. assim, como nós duas fazíamos no rio de janeiro - durante a minha infância - um dos programas favoritos  era bater perna pelas ruas. eu era parceira nas idas ao supermercado carrossel. ficava a uns oito quarteirões de casa. no caminho, tinha um chaveiro e o filho do chaveiro era simplesmente deus em forma de gente de tão lindo. obviamente, que eu não perdia a chance de dar uma paquerada. mas tentava fazer isso de forma discreta, para a vó não ver. afinal, paquerar na frente de avós não é totalmente recomendável. mas, não é que a danada. quase cegueta de marré de si, que nem o mister magoo dos desenhos, não perdia uma...lá vinha ela: ele olhou!!! como é que você viu, vó?? ela ria!! em são lourenço, conheci umas primas - ela que apresentou, com quem eu saía. a gente adorava uma rua. só que meu avô decidira que eu tinha que estar em casa às dez da noite. era um suplício...vez em quando, a noite estava ótima. os moços lindos e dando bola e eu tinha que voltar. acontecia de não chegar na hora, quase sempre aos domingos. quem conhece o interior de minas, sabe que as noites de domingo são as melhores. cheias de gente, por conta das missas do fim de tarde. pois é..quando me atrasava, era um sufoco. de longe, via através da porta de vidro, as chamas das velas que a vó tinha acendido para pedir aos santos que eu estivesse boa e que a bronca do vô não fosse grande demais. eu sempre ficava de castigo quando isso acontecia. castigo que ele dava. não podia sair à noite. tinha que ficar em casa. bom..só que a vó dava sempre um jeito de a punição durar no máximo uns três dias - segunda, terça e quarta - quando eu não fazia a menor questão de sair. muito melhor ficar lá com ela vendo novelas - que ela via grudada no aparelho de televisão para poder enxergar e ouvir - ou jogando baralho. sempre buraco. eu, ela e meus dois irmãos. o que a vó descartava de canastra para a dupla adversária não está no gibi. eu ficava brava até com ela, mas com o jeito de vó, ela ria...e ficava assim. vez em quando, a gente até ganhava. e o cheiro da minha avó!!! nunca mais na vida encontrei alguém que cheirasse tão bem. enquanto escrevo, me vem essa lembrança olfativa! era uma delícia. igualmente delicioso, era contar para ela as minhas travessuras de adolescente. claro que com uma certa censura. se bem que comparando com as outras moças que conheci, eu era bem santa. mas, teve uma vez que fiz uma arte enorme. simplesmente troquei uns beijos mais, digamos assim, beijados, com um moço que na época era noivo. noivíssimo!!! totalmente noivo!! os beijos foram escondidos, mas cidade pequena, sabe como é, né! tem sempre um que vê e dá com a língua nos dentes. no dia seguinte, me toca a campanhia. a vó vai abrir e quem está lá??? a noiva ofendida e querendo tirar satisfações comigo!! muito bonito!!! a dona aparecida atende a moça, que já vai descascando. acabando com a minha raça - merecidamente, aliás. eu tinha mesmo beijado o noivo. uns anos depois, eu e ele até namoramos - quando ele não era mais noivo. bom, a minha vó mandou me chamar e lá vai eu para porta!! larissa, você beijou o noivo dessa moça? claro que não, né, vó. eu vou lá beijar noivo de alheia!!! tá vendo minha filha, disse a vó para a noiva ofendida!!! que injustiça você está cometendo com a minha neta!! peça desculpas a ela! e resolva seus problemas com o seu noivo! a moça, botou o rabo entre as pernas e foi embora! e eu lá. com a maior cara de santa do mundo. porta de vidro devidamente fechada, a vó pergunta: beijou ou não beijou? beijei, vó! não me faça isso de novo! tá bom vó! e cumpri o combinado. o noivo da alheia ficou me rondando um tempão, mas eu só dei bola para ele de novo, quando a solteirice voltou a ser o estado civil do gajo. ah! a vó não contou essa história para meu vô e aí, nem fiquei de castigo. agora..fala a verdade. não é uma vó muito jóia!!!

domingo, 14 de novembro de 2010

a cama do getúlio

sabe vó com jeito de vó! eu tive uma assim. cabelo branquinho, sempre penteado para trás. meio surda e com as vistas embranquiçadas pela catarata. fazia um crochê lindo! era ótima no baralho, apesar da visão curta. toda noite rezava um terço para as filhas e os netos. apesar disso, não era de frequentar igrejas e nem era carola, com ideias cafonas e preconceituosas. enfim...a minha vó era simplesmente perfeita. quando eu era bem menina, ela morava no flamengo. na avenida praia do flamengo. bem no comecinho - tipo uns 500 metros do palácio do catete. eu ia muito à casa dela. passava lá uns três meses por ano. e adorava. nesta semana, eu fui ao rio. por um acaso, fiquei em um hotel no flamengo. por mais coincidência ainda, o hotel ficava ao lado do palácio do catete e assim, pertinho, pertinho do apartamento da minha avó. nem preciso dizer que foi um prato cheio para as lembranças. batendo perna pelas ruinhas do catete, me recordei das muitas e muitas vezes em que nós duas e a empregada íamos ao supermercado, ou à feira. dos filmes da disney que vimos no lido - que aliás, não existe mais. virou igreja! mas, a lembrança mais gostosa dos passeios com a minha avó eram os que nós fazíamos ao palácio e aos jardins do palácio do catete. só de entrar lá, já era uma festa. por conta do piso de taco, nós tínhamos que calçar umas pantufas...adorava deslizar pelos corredores do prédio antigo. mas, a arte mor...o mais divertido e o que deixava minha avó apavorada era que eu sempre dava um jeito de deitar na cama em que o getúlio se matou. virava a atração do passeio e a vó, fazia de conta que não, mas era igualmente levada. a bronca que ela me dava era meio de mentira! achava graça da rebeldia da menina branquinha, muito magra e comprida e com os cabelos completamente bagunçados. com muita frequência, levávamos bronca dos seguranças. ela aproveitava para me repreender! pito tomado, as duas iam para o parque!! quando se aproximava a hora do almoço, a gente ia para casa. lá tinha até banheira. para a menina que crescia no interior de goiás e depois em um apartamento mínimo na colina, já em brasília, banheira era o máximo dos luxos. geralmente, às tardes, a vó dormia e fazia crochê e eu brincava com a minha enorme coleção de bonecas de papel. tirava roupa, colocava roupa, desenhava roupa...as minhas bonecas pareciam modelos...dessa vez não deu tempo para entrar no palácio. só perambulei pelos jardins, mas da próxima, dona aparecida, prometo dar um jeito de dar uma deitadinha na cama em que morreu o ditador. saudades!! mas saudades boas!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

tudo culpa da disney!!! carta para carolina

ela soltou um suspiro profundo. daqueles que vêem do fundo da alma!! ah!, mamãe!! (suspiro) estou com tanta vontade de casar!!!! com quem, carol? com o píncipe!! com o píncipe, mamãe!!! essa casadoira aí tem dois anos, e é fã de desenhos animados da disney. pede para ver - por várias vezes - a branca de neve, a gata borralheira, bela adormecida...e por aí vai. tem até fantasias de princesa. dia desses, me apareceu numa dessas redes sociais, uma foto da menina vestidinha de branca de neve. muito bem!!! eu, que sou conivente com a exibição dos desenhos, sou co-responsável pelo tanto que essa menina vai sofrer quando crescer!!! vai passar a vida inteira esperando pelo píncipe!! pode ser que dê a sorte enorme de encontrar o felipe da vida dela. (para quem não sabe, o príncipe felipe é o que salva a bela adormecida e para tanto, enfrenta a feiticeira que vira um enorme dragão cuspidor de fogo - do dragão, a carol morre de medo!! pede para pular esse pedaço!!) mas, nós que já somos gente grande, sabemos bem que o tal príncipe não é dos artigos mais fáceis de se achar. não há liquidação de príncipes. muito menos príncipes dando sopa nas esquinas...fala a verdade?? não seria muito mais fácil se os desenhos mostrassem as princesas se casando com plebeus??? homens normais. cheios de defeitos, mas também de qualidades!!! homens trabalhadores, honestos, corajosos, bravos, competentes quando estão nos amando, cuidadores, protetores..mas, também homens que erram, que fazem e falam bobagem..que muitas vezes não sabem o que fazer com as mãos!! homens que roncam, que dizem palavrão, que riem na hora errada..e por aí vai!! homens plebeus!! é tão melhor se apaixonar pelo plebeu do que procurar o príncipe!!! aí me vem à cabeça o shrek!! esse é o príncipe de verdade. tão príncipe que entre ficar linda que nem a branca de neve, a fiona prefere ser uma ogra para ficar ao lado dele!! olha só, dona carolina bortoni!! é mil vezes melhor casar com o shrek do que com o felipe!!! vai por mim!!

sábado, 30 de outubro de 2010

rehab

toca o celular. era a karina. grandes coisas. ela me liga umas quatro vezes por dia. não é uma reclamação. amo quando ela me liga e o fato de ela me ligar. duvido e faço pouco se há no mundo duas irmãs que se amam tanto que nem nós duas. mas, era ela. podia ser o george clooney. se bem que ele não sabe meu número. tenho que comunica-lo! bom...me vira a dona ana karina: tenho uma boa notícia!!! qual mesmo? depois de um longo e tenebroso inverno, sem cantorias da cigarra, você voltou a, de verdade, abrir espaço na sua alma para o amor! você está, de verdade, se envolvendo!! e não é que ela tem razão!!! adorei o aviso. possa ser que não dê certo. aliás, tenho quase a certeza que o simão não vai ser o tal, mas só de eu estar me permitindo, de novo, me envolver, já vale uma festa!!! valeu, pelo toque, minha querida!!!

o entulho

já há algum tempo que meu computador está na unidade de terapia intensiva. na verdade, ele está precisando mudar de casa e abrir espaço para outro. mas há dois problemas. o primeiro é que eu tenho a psicopata mania de me apegar a máquinas. morro de pena de passar adiante as que não me servem mais. cada vez que tenho que vender um carro é um suplício. passo dias e dias pensando se o novo dono vai ser carinhoso, se vai só cuidar dele em boas lojas, se vai explicar para ele o que pode e o que não pode. se vai dividir com o carro as angústias da vida. passo um tempão no carro. ele é meu brother, como diz o fragoso. não dá para simplesmente abandona-lo numa concessionária da vida. uns tempos atrás, a máquina de lavar emburrou de vez. chamei o moço, e ele muito dos constrangidos me disse que não havia mais no mercado peças para a reposição, porque o equipamento já tinha uns trinta anos. quase morri de tão ofendida que fiquei. quer dizer que quem trinta não pode ser recauchutado? qual é, meu irmão!!! bom. mas como não teve outro jeito, comprei uma nova. mas juro de pés juntos até hoje que a velhinha era muitas vezes melhor. lavava que era uma beleza. mas voltando ao computador. não dá mais. ando passando muita raiva e como estou numa fase pós-obra, que dinheiro está mais em extinção que o mico leão dourado - esse é o segundo problema, decidi que, pelo menos, chegou o momento de dar uma tal de formatada. o moço formatador me disse: olha - para você não perder nada, grava tudo que tem aí em dvds. é o que estou fazendo há uns dois dias. incrível como há informação nessa maquininha!! tantas mil fotos, tantas mil músicas, outros tantos e-mails, documentos e por aí vai. tô que tô salvando tudo, mas tô aqui matutando com os bordados do meu vestido. será mesmo que preciso guardar isso tudo. ou melhor? por que diabos, isso tudo está guardado? nem ouço mais essa música. que foto mais feia! o que eu queria dizer com esse documento. em suma! o meu computador é meio que nem minha vida. tá lá muito do essencial e muito que vai me fazer falta. lembranças de momentos mais que felizes gravados em fotos. canções que amo e que não canso de ouvir. em compensação, há um monte de entulho. de tranqueira. bem que eu podia aproveitar a formatada da máquina e escolher o que eu quero guardar. o resto bem que podia tomar o rumo da lixeira. providência igual devia fazer na minha vida. reservar o que importa e o resto descartar. se eu fizer uma triagem no meu guarda-roupa, pelo menos um quarto do que está por lá pode sair. se eu fizer uma triagem na minha vida, tenho a certeza que vou encontrar um tanto de histórias, pessoas e experiências que merecem ir cantar em outra freguesia. acho que devia aproveitar o momento. formata a máquina e formata a larissa. uma chance de recomeçar com o hd zerado!!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

de onde vem

a maior parte da minha vida escolar foi em escolas de padres ou de freiras. no madre carmem sallés eu fiquei por uns dois anos. ao final do último deles, a minha mãe foi chamada, e comunicaram que eu não podia estudar mais lá, por conta do meu comportamento. o meu "crime" foi ter mandado uma freira para aquele lugar, porque ela tinha me acusado de roubar uma caneta...eu era levada, mas ladra não sou, nem nunca fui. muito bem. eu e os meus irmãos mudamos de colégio. fomos para um que era dirigido por padres. naquela época, aqui em brasília, a igreja católica organizava encontros de adolescentes. todos, absolutamente todos os meus amigos e colegas que quiseram foram aos tais encontros. menos eu. protestei em casa. afinal das contas, os que iam, diziam o tanto que era divertido.  e lá foi a senhora minha mãe lá de novo ver qual era. dessa vez, o padre diretor - de alcunha leleco - explicou que eu era uma tremenda líder, mas uma líder do mal. exercia uma liderança negativa e se me deixassem eu ir a tais encontros, eu iria atrapalhar. então tá, então..o que significava ser líder negativa? eu fazia bagunça demais na sala de aula? não! eu tirava notas baixas? não! eu incitava a turma contra os professores? não!! eu explodia privadas? claro que não!! era uma aluna bem boa. vez em quando, eu me ferrava em matemática e em física. mas isso acontecia comigo e com a metade da torcida do glorioso. quem que entende alguma coisa de física e de matemática? só os desajustadinhos. a minha má liderança, achou eu, resultado da mania que tinha e ainda tenho de contestar. eu simplesmente não me conformava com as bobagens que eu ouvia nas aulas de religião. uma vez ouvi que sexo só podia no casamento...peloamordedeus, né!!! lógico que protestei. de outra, que até no casamento, só para procriar. aí, não me aguentei. perguntei se era assim, por que mesmo que havia prazer no sexo, se era um pecado tão feio?? e olha só. nessa época eu era virgem de marré de si! e por aí vai...a professora de religião falava bobagem e lá ia a dona larissa levantando a mãozinha para protestar!!! gostei da brincadeira e nunca mais parei. eu estava no segundo grau. era uma menina. uns 15 anos, quando me mandei para frente do congresso nacional para acompanhar do lado de fora a votação da emenda das diretas! estava no meio da estudantada que fugiu dos cavalos e cassetetes do general nilton cruz! morro de inveja dos estudantes que brigaram contra a ditadura militar. e o pior ou o melhor que ainda sou assim. só não me convenci ainda de que sou uma líder do mal!!!

sábado, 9 de outubro de 2010

me arretei - parte dois

fazia já um tempão que não ficava tão brava que nem fiquei essa semana. simplesmente não acreditei quando o tse divulgou que teríamos segundo turno aqui em brasília entre agnelo e weslian roriz, porque uma turma resolveu por bem despejar seus votos em outros candidatos, que não os dois. tá certo...o voto é uma decisão individual, intransferível e cada um deve faze-lo em respeito ao que manda a sua consciência. mas, eu acho simplesmente inadmissível não pensar no bem de toda a sociedade na hora do voto, mesmo que isso signifique escolher um candidato que não seja exatamente o que você quer. resultado é que iremos às nossas seções eleitorais de novo aqui em brasília e como em qualquer pleito, o resultado é um enigma. ninguém sabe o que vai sair dar urnas. pode ser que a moçada coloque a mão na consciência e evite o pior. mas, pode ser também que resolvam emendar o feriado e não votar e assim, a dona weslian passar a ocupar o palácio do buriti em janeiro do ano que vem. e aí, eu quero ver os que deram o tal voto ideológico reclamar...aliás, sugiro que não façam isso perto de mim de jeito nenhum...as consequências serão péssimas. mas..só me resta agora fazer campanha e torcer muito. ah! por favor!! pensa bem na hora de votar no dia 31. a cinquentona brasília vai te agradecer muito!

me arretei

eu tinha 18 anos e há pouco mais de três meses, estava com um namorado novo. estudava na universidade de brasília e  tinha uma vida sexual ativa. resumindo: eu transava com meus namorados. isso eram os anos 80, quando o fantasma da aids ainda não era tão monstruoso e o mundo respirava ainda os ares de libertação que haviam soprado nos sessenta e setenta. um belo dia acordei enjoada. eu tenho um estômago de  avestruz. nunca enjôo. a menstruação atrasou e decidi fazer um exame de gravidez. a verdade estava naquele envelope. 18 anos, universitária, namorado novo e grávida. muito grávida. no começo, curti a história. achei que seria muito bom ser mãe cedo - afinal, eu e o bebê poderíamos crescer juntos. eu teria bastante energia para cuidar dele e por aí vai. o namorado também achou que devíamos ter a criança. até que um dia, a minha ficha caiu. eu simplesmente não tinha a menor condição de ser mãe naquele momento. eu não era madura, não tinha um emprego razoável, ainda uns dois anos e meio de universidade, o namoro era recente. enfim, estava errado. tudo errado. preciso salientar que o meu corpo nunca foi amigo de pílulas anticoncepcionais. me faziam muito mal. o método usado era o coito interrompido e a camisinha. é lógico que ia dar merda. com a decisão tomada de não ser mãe aos 18, me restava arranjar o que fazer para não ser. a minha sorte imensa é a família que tenho e sou muito grata por isso. procurei minha mãe. contei a ela o que estava acontecendo e pedi ajuda. ela me ajudou e pelo resto da minha vida vou ser agradecida por isso. descobrimos uma clínica no rio de janeiro, ela me deu o dinheiro, comprou as passagens e ajeitou um lugar para eu ficar antes de voltar para casa. o namorado foi comigo. mas, apesar de todos esses cuidados e apoio, devem ter sido, até hoje, os dias mais difíceis da minha vida. para começar, eu estava com a péssima sensação de estar cometendo um erro - que depois a vida provou que não. morta de medo de ser presa - afinal, abortar é crime nesse país atrasado onde eu nasci. aterrorizada com a possibilidade de morrer na hora da sucção, ou que isso me deixasse sequelas. chorava sem parar. o fantasma da culpa rondava. eu estudei em escolas católicas a vida inteira e por diversas vezes, vi aquele filminho de fetos abortados. me sentia uma assassina. o tempo...ó, tempo, que é o remédio para quase todas as dores, tratou de curar a ferida. uns dez meses depois, eu me casei com esse namorado. uns dois anos depois, eu fiquei grávida de novo. ainda era estudante, mas já tinha casado, tínhamos uma vida precariamente organizada, mas já era alguma coisa. aí, decidimos levar a gravidez até o fim. foi muito difícil cuidar do nenê. como diz o djavan, só eu sei, as esquinas por que passei. mas, sobrevivemos. o que restou disso tudo é a minha mais absoluta certeza de que não há qualquer cabimento que outras meninas - como eu era..que outras mulheres passem por essa situação. e olha que eu sou da chamada classe alta. a minha família pagou para que eu tivesse o melhor tratamento possível. se eu fizesse parte da imensidão de miseráveis, provavelmente não estaria aqui digitando essa história. milhares de mulheres perdem a vida em abortos mal feitos. bom...acho que não deveria ter escrito isso. é uma passagem muito íntima da minha vida. o que me motivou, porém, foi esse assunto ter sido transformado no tema da semana. eu não votaria nunca em josé serra, por mais diferentes razões. mas...senhor candidato, o meu voto na urna no seu número significaria, pelo menos para mim, que eu não gosto das mulheres. significaria que eu quero ser conivente com uma realidade que considero monstruosa, de pessoas terem que recorrer à clandestinidade, correndo todos os riscos possíveis. isso sim eu considero um crime. ah! preciso esclarecer ainda que achei tão ruim, mas tão ruim ter abortado, que não repeti a dose. quero ser mico leão dourado se alguma mulher desse mundo vá dizer que interrompe uma gravidez sem sofrimento. não é assim. a dor é enorme. nenhuma mulher é favor do aborto. só são favoráveis os donos de clínicas clandestinas e os bandidos que ganham a vida explorando esse serviço. o que eu defendo e vou morrer defendendo é que eu ou a ana da favela do vidigal possamos receber um atendimento digno, com cuidado e responsável se resolvermos que não é a melhor hora de botar mais um moleque no mundo. só isso que eu quero...é pouco...muito pouco..

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

na van...parte 2

essa história eu ouvi na van que me levou junto com dez barbados para ver o jogo do botafogo no serra dourada. lá vai. estava uma turma desses moços em morro de são paulo, na bahia. viagem só de homens e como toda viagem de homem que se preza, a ideia era conhecer mais intimamente o maior número possível de moçoilas. bom, lá estavam eles e um ficou curioso com uma propaganda que pipocava por todo canto: tratur - a oferta era para ir a boipeba pela estrada. isso seria feito a bordo de uma veículo quatro por quatro que, na verdade, era um trator adaptado para levar passageiros. só quem já usou esse meio de transporte, entende como é. geralmente, o cidadão fica sentado num banco de madeira, sacolejando pelas dunas a fora. é...um programão. a maior parte do grupo tentou convencer o sujeito empolgado do tamanho da roubada. mas, ele queria porque queria conhecer boipeba de tratur. não satisfeito, convenceu um outro a ir junto. sempre tem um que topa dividir roubadas! muito bom, lá foram os dois. mas, antes do embarque no trator, um conselho: não sentem nos últimos bancos, porque toda e qualquer areia do mundo vai parar na cara dos incautos que se aboletam no fundão. pelo menos a esse conselho, eles atenderam e correram para pegar os primeiros bancos de madeira do trator. nos bolsos, 66 camisinhas e um sundown. por que tanto preservativo? é o seguinte: um deles era um legítimo representante do time dos comeninguens...não pegava nada..necas..mas era um otimista e sempre carregava um enorme estoque de camisinhas...vai ver, né! bom...lá estavam os dois no trator sacudindo o esqueleto nas areias do caminho entre morro e boipeba. sentado atrás dois moços, um casal de meia idade. de cinquenta para sessenta anos. junto a eles dois meninos. provavelmente netos. muito que bem! de tanto sacolejar, as 66 camisinhas e o filtro solar escorregaram dos bolsos e foram parar dentro da bolsa da senhora acompanhada pelo marido e netinhos. e agora! como fazer para resgatar as preciosidades? e a vergonha de contar a ela o acontecido e pedir de volta. ainda se fosse só o sundown! mas como explicar aquele estoque enorme de olla! a dona iria achar que eram dois maníacos. a coragem para tal empreitada não veio! em boipeba tiveram que catar as sombras de coqueiro para evitar uma insolação e se já tava duro, ou melhor, mole, arranjar uma namorada, sem camisinha, que ficava quase impossível. voltaram para morro de são paulo vermelhos de sol e com a fama de comeninguens intacta. e o mais grave! como mesmo que a senhora explicou para o marido e aos netos que estava carregando na bolsa 66 pacotes de olla sabor morango?

na van...a epopéia de uma torcedora!

ser largada do marido tem duas grandes desvantagens. uma é que não há um alguém para ir ao supermercado por você ou com você. eu odeio com todas as forças do mundo fazer compras de comida. odeio o ritual de escolher, colocar na esteira do caixa, empacotar, pagar, colocar no carro e depois guardar. isso sem falar que sempre fico uns duzentos reais - no mínimo - mais pobre, cada vez que coloco meus dois pés num supermercado. a outra desvantagem é que maridos costumam comparecer pelo menos umas duas vezes por semana. então, é uma rotina mais ou menos garantida e quando o marido da vez é competente neste quesito, a gente fica mais alegrinha nesses dias. sem marido e sem um namorado fixo, fica mais complicado se entregar aos prazeres da carne. em compensação, são muitas as vantagens e a maior delas, acho eu, é ser dona do meu nariz de carcamana...ah! um dia eu faço uma plástica e o nariz vai ser de sueca! bom! como uma legítima torcedora do botafogo, e de férias aqui em brasília, fiquei sabendo que o glorioso iria enfrentar o goiás, na capital goiana. pensei cá com meus botões...bem que eu podia ir a goiânia ver o jogo! a dificuldade era que largada do marido como estou, ia ter que achar alguém igualmente botafoguense e igualmente com tempo para ir comigo. havia dois problemas: eu sou cega de marré de si à noite, o que torna um pouco complicado pegar estrada depois do pôr do sol e eu acho que não tenho coragem de ir a um estádio de futebol sozinha. mas, ao saber da minha vontade, um atual amigo e ex-namorado me chamou para ir com ele. mas..seria numa van. outros dez homens iriam também...bom, levei umas 24 horas matutando se era umas ou seria um programa indígena cinco machadinhas. mas, decidi arriscar. o máximo que eu perderia era uma noite na minha vida. e lá tava eu, quatro e meia da tarde numa van, com dez barbados e um isopor cheio de cervejas e três cocas zero (todas para mim, porque ficar balão não era, em definitivo, a melhor das ideias). de cara, me assustei com a rapidez no consumo das cervejas...e à medida em que o isopor ia ficando vazio, as vozes aumentavam de volume e as piadas iam ganhando temas mais sexuais. ou seja, em bom português - piadas de sacanagem. mas nada que não podia ser resolvido com um ipod grudado no meu ouvido, e os rolling stones gritando. depois de uma três horas e de duas paradas - uma para repôr o estoque de cerveja e outra para os dez sujeitos irem fazer xixi (mijar, para os homens), no acostamento, chegamos ao serra dourada. ah! na hora do xixi, eu fui proibida de sair da van!!! - fica aí dentro, viu!! até parece que eu ia me meter a besta. no estádio, eu me toquei do luxo que é ir a um jogo com dez acompanhantes. um comprou meu ingresso, outro me comprou uma bandeira, me colocaram para dentro. ganhei pipoca, batata frita, mais coca zero. só quem não ganhou nada foi o botafogo. aliás, ganhou uma surra. a cada gol do goiás, a moral da tropa ia caindo e depois de quatro sacudidas na rede do gol do jefferson, o jeito era tomar rumo de casa. confesso que nessa hora, bateu uma certa preocupação. os moços estavam muito bravos. pensei: caramba! vai ser dura essa viagem de volta. bobagem! o isopor foi novamente abastecido e um dos moços decidiu contar histórias das roubadas nas quais já se meteu. foram umas duas horas de risada. rir de chorar! o resultado da toada: o glorioso caiu do terceiro para o quarto lugar na tabela, amigos cruzeirenses e flamenguistas (sabe-se lá por que) me zoaram via torpedos, e eu me diverti à beça! é! ser largada do marido tem suas vantagens!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

poeminha do drummond 2

eu paquero ele, mas ele não me paquera. o que fazer, se a toada parece o poeminha do poeta em que joão amava teresa, que amava raimundo, que amava maria, que amava joaquim, que amava lili, que não amava ninguém.....posso me casar com j.pinto alves, que não tinha entrado na história, ou posso dizer pra ele: me paquera vai?

"quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: deus te mandou um presente: o amor. por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor." cda

domingo, 12 de setembro de 2010

a dança da solidão

como já contei há algum tempo, sou uma negação em títulos. até que depois, o texto flui razoavelmente bem. digo razoável, porque estou longe de ser uma escriba de talento, mas remedando drummond, os que foram determinados pelos anjos a serem gauche na vida, também podem se dar o direito de escrever. bom, o outro título que pensei para esse texto foi síndrome de julia roberts. simplesmente, porque acho a julia a mulher mais bonita do planeta. diz meu amigo nilo, que só mulher acha a julia linda. os homens têm outras preferências. mas, como sou da turma do feminino, considero a moça uma formosura. e com toda aquela lindeza com a qual foi premiada - tudo bem que em notting hill, a anna scott diz que precisou de ajuda de mãos talentosas para desenhar umas partes do seu rosto - a julia roberts escolheu, escolhe e vai escolher os homens da vida dela. ela não é escolhida, mas escolhe. e nunca, mas nunca, nunquinha na vida, fica sozinha, porque basta um estalar de dedos, que o gajo que ela elegeu para ser seu par, aparece montado em um cavalo branco, que nem o príncipe felipe da bela adormecida. bom, eu ando com a síndrome da julia roberts e isso está me assustando. a impressão que tenho é que se eu não baixar a minha bola, vou ficar sozinha pro resto da vida. nunca mais marido. nunca mais namorados firmes, mas a dança da solidão! eu decidi, sabe-se lá por que cargas d'água que para ficar comigo, o cidadão tem que preencher uma série de exigências: altura certa, não ter mais de 120 quilos,  uma cara que não seja muito assustadora, não pode ter religião - a não ser aquelas mais cool e desde que não seja fanático, votar nos candidatos mais progressistas, não ficar no meu pé, gostar de boa música, mas achar graça de eu amar o fábio júnior e querer casar ao som do "é o amor". a lista segue. o resultado é que não tem um que sirva. sempre arranjo algo para implicar. e agora entendi o motivo. estou, repetindo, com síndrome de julia roberts. decidi que eu posso escolher quem eu quiser e que o escolhido vai estar à minha disposição. só que a realidade é muito diferente! estou a anos luz da lindeza da julia. portanto, seguindo a minha própria tese, não é pro meu bico tanta escolha. até porque, pensando bem, a vida não deve ser fácil nem para a julia. triste, né!

domingo, 22 de agosto de 2010

vamos aprender a escrever?

antes de as redes sociais na internet bombarem, a interação se dava basicamente de forma oral. as pessoas conversavam com as outras. ou era pelo telefone - me lembro de ficar horas pendurada com minhas amigas, para desespero de quem pagava a conta e dos demais habitantes da casa, que ficavam privados do telefone. também conversávamos pessoalmente, mas muito pouco era trocado via escrita. quando acontecia, era por cartas, cartões ou telegramas. mas, nesse caso, o conteúdo ficava restrito, geralmente, a quem mandava e a quem recebia. hoje, é batata! escreveu em rede social, a ideia viaja pelo mundo. coloquei um contador nesse humilde, pouco divulgado e muito restrito blóguio e descobri que gente da alemanha, argentina e portugal já passou por aqui. frequento outras redes e todas com o perfil totalmente aberto. podem ler e ver o que quiserem. mesmo porque acho o cúmulo da cafonice passar cadeado no que é escrito em rede. quem quer segredo das suas histórias, basta não publicá-las e pronto e acabou! bom, com a mudança na maneira de as pessoas conversar - da oralidade para a escrita, ficou escancarado o tanto que a moçada manda mal na faculdade de juntar as letras. escancarado, igualmente, o meu preconceito contra os que não são muito amigos da língua portuguesa. antes das redes sociais, os meus critérios para namorar ou ser amiga de alguém eram - no primeiro caso, a aparência (quem olha meus ex-, percebe que são bem parecidos), opções políticas e sociais, inspiração na alcova e capacidade de me fazer dar risada. hoje, a competência nos teclados ganhou uma importância enorme. dia desses, me peguei enlouquecida com uma dona que teimava em escrever geito. não resisti, e muito sem paciência, gritei que era com j. assim como dançar. no passado, na primeira pessoa do singular, a cedilha some. e o erro na cedilha faz, definitivamente, o sujeito dançar. e já li de um tudo: agente, no lugar de a gente, anciosa ( se bem que ouvi na cbn, que com c também está certo), e por aí vai. eu também erro? claro que sim e aos montes...mas, pelo menos no que diz respeito a mim, o erro maior é o preconceito que nasceu. quem não sabe escrever também é gente (é uma metáfora), ou não?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

meus tocs

teve um tempo que a moda era discutir os transtornos obsessivos compulsivos dos famosos nas páginas da imprensa. ficamos sabendo que a vendramini quase endoidou com os tocs dela e que o rei estava tratando dos dele. já tava até quase pensando em permitir o marrom nas redondezas. aliás, diga-se de passagem, abominar o marrom não é toc. é bom gosto! tem cor mais feia que marrom? comparada, apenas, eu acho ao roxão e ao verde craca de nariz! mas..nessa época vira um dos moleques aqui de casa: mãe, qual o seu toc? qual é o que? o seu toc, mãe. a sua mania. ah! tava na cara que era mais uma daquelas perguntas que filhos fazem para deixar as pobres mães em saia justíssima. do tipo: vez em quando eu ouço uns barulhos esquisitos no seu quarto..o que tava acontecendo lá? ou, mãe, por que a moça aqui do lado tem os olhos assim? mãe, quem fez pum? foi a vovó? esse tipo de coisa. mas, resolvi dar um mole pro moleque e responder: não tenho toc algum. sou total toc-less! o rumo da prosa mudou, até que um dia, um amigo que mora sozinho me confessou que estava impressionado, porque estava ficando cheio de manias. e aí, me perguntou se eu tenho manias. pensei um pouco e disse que não. que acho que não sou maniada. mas, lá pelas tantas,  comecei a acreditar que sou a pessoa mais esquisita do universo. como que pode um ser sem tocs e sem manias? afinal das contas, o chique é tê-los e não não tê-los. e agora? vou acabar ficando de fora das conversas mais interessantes? vamos, então, à busca das minhas manias, já que tocs, vai ser um pouco mais complicado. então tá. cavucando o cabeção, me toquei (não tocei) que tenho mania de desodorante. vira e mexe eu acho que não fiz o uso do produto antes de sair de casa. para complicar um pouco mais, eu uso o do tipo sem cheiro - (outra mania) e aí não dá para fazer uma pós-checagem. pra resolver, tem sempre um extra no porta-luvas do carro e outro no trabalho. com muita frequência, eu mancho minhas roupas por conta disso. ridícula minha mania? também acho...mas prometo me aperfeiçoar e longuinho, loguinho vou me sentir totalmente incluída nas rodas de conversa das pessoas mais antenadas da sociedade. me aguardem!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

fiz as pazes

sabe quando acontece de a gente se apaixonar por alguém, algo ou algum lugar e esse amor não ser correspondido de jeito nenhum? lembra daquele menino da escola que arrancava todos os seus suspiros, fazia as borboletas darem cambalhotas na sua barriga, mas necas de dar bola? era assim a minha relação com trancoso. conheci trancoso, a pequena vila perto de porto seguro por fotos e por histórias. morria de inveja das pessoas que já tinham ido lá e falavam maravilhas das praias, da pintura que é o quadrado, da baianidade discreta, mas presente dos moradores e do visual mais do que perfeito que se descortina por trás da pequena igreja. isso sem falar do cemiterinho, que fica no final do quadrado. sempre tive uma queda por cemitério. é meu lado ronaldo esper. mas só ouvia. passei bons anos da vida sem muitas chances de viajar. renca de menino pequeno e diminuto também era o orçamento. até que um belo dia apareceu a oportunidade. minha irmã topou cuidar dos moleques e fui com um namorado novo. estava em salvador e lá também estava o carro da firma que meu irmão usava. um carrão. totalmente fora do que eu estava acostumada. se bem que acho que naquela época eu já tinha passado por um up grade no quesito automóvel e não era mais motorista de 147 nem de unos mille (foram vários). bom, mas sabe-se lá por que motivo, o moço quis que eu dirigisse na estrada entre arraial e trancoso. a minha competência nas estradas da vida na frente de um volante é sofrível, mas o sujeito encheu a paciência e lá fui eu. o resultado é que um barranco surgiu bem na frente. cheguei a trancoso na boléia de um caminhoneiro, que me resgatou do que sobrara do carrão chique da firma do meu irmão.por sorte, nada grave no corpo. meia dúzia de hematomas, as pontinhas dos dentes quebradas e dores por todo lado. mas, de resto, eu tava ótima. quem olhava o carro nem acreditava. o tal namorado também não se machucou. machucada, porém, estava a minha alma e totalmente frustrado o meu primeiro encontro com trancoso. fazendo um paralelo, foi como eu me ajeitar muito para uma festa e o moço para quem eu me perfumei, simplesmente dançar com outra a noite inteira. esse encontro não aconteceu. mas, sou muito, mas muito teimosa até o talo e não desisti. uns dois anos depois, com o mesmo sujeito, voltei a trancoso. dessa vez o carro não sofreu arranhões, mas o cidadão caprichou tanto no tratamento dispensado à namorada dele (no caso, eu) que proporcionou à moça as piores férias da vida. os detalhes são tão sórdidos e tristes que nem compensam ser lembrados e descritos. a pobre de trancoso levou a culpa. definitivamente, as praias, o quadrado, a falésia e o pequeno cemitério não eram pro meu bico. até que surgiu uma viagem a trabalho para porto seguro e eu inventei de me hospedar na pequena vila. era a minha terceira e derradeira oportunidade de a paixão platônica virar realidade. se não desse certo, eu jogava a toalha e desistia de trancoso. mas, dessa vez eu aprendi que a vila sempre foi linda. feia era a minha companhia. assim que puder, me mando de novo pra trancoso....pode me esperar!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

o meu casa

não sou uma pessoa muito horoscopada. não sou zen e basicamente acredito no homem e na ciência. não creio em milagres. mas, dizem os entendidos nas forças astrais que quem nasce em julho e, portanto, é do signo de câncer, é muito ligado na casa e se dedica muito em tornar a sua morada o canto mais aconchegante da terra. pois é. eu sou assim. eu adoro a minha casa. dedico tempo e dinheiro para fazer dela o melhor lugar do mundo para mim e para os meus. ter uma casa está, portanto, na lista das cinco mais importantes coisas da vida. eu nunca tinha tido uma casa só minha ninguém tasca que eu vi primeiro. ou eram alugadas ou eu tinha sócios - banco e ex-maridos. isso até segunda-feira. tá certo que eu devo até as calcinhas. vi no tuíter que hoje é o lingerie day. e não é que até as minhas estão penhoradas! mas, nem te ligo farinha de trigo. tirei dinheiro daqui e dali. quitei o banco. comprei a outra parte e fui ao cartório pagar a escritura. para completar a arte, a casa está cheia de pedreiros ajeitando o que havia a ser consertado. dinheiro para pagar a obra? claro que não tenho, mas absurdamente tranquila que ele há de vir. sempre vem. o que interessa, agora, é que depois de quatro décadas - mentira, porque eu fiz 38 - eu tenho a minha casa. como dizia o lucas: o meu casa. e o melhor é que eu sei que essa casa não é importante só para mim e pros meus dois. faz parte da história dos bortonis dessa banda de cá. é a casa da nossa família, o lugar onde a gente se reúne. me lembro de uma época em que meus avós moravam numa casa em são lourenço que parecia com um trem. era comprida e estreita. quando íamos todos para lá, os quartos eram ocupados pelos adultos e a criançada se ajeitava nos colchões. os que não saíam ou os que chegavam da balada mais cedo escolhiam os melhores lugares para esticar o esqueleto. teve noite que eu coloquei o colchão embaixo da mesa, por falta de espaço. mas, feliz da vida, porque estávamos todos juntos. é essa a ideia. a nossa casa é a sua casa. sinta-se à vontade, porque mesmo se tiver que dormir embaixo da mesa, a certeza é que aqui é um lugar de gente boba e feliz! ah!, dona bel. eu virei gente grande na segunda, porque, finalmente, eu tenho meu casa!

domingo, 25 de julho de 2010

a dona e o mar

acabei de ler um tuiter do carpinejar, dando conta que as mulheres só comemoram até o décimo-sétimo aniversário. depois dos 17, não há mais o que festejar. aniversários significam simplesmente um ano mais velha. ótimo!! significam também, é claro e antes que eu leve um puxão de orelha, que estou bem viva..e convenhamos que não fazer aniversário é o pior dos cenários. esse texto ia se chamar a velha e o mar, mas ia ficar muito na cara o meu emburramento com mais um ano que passou. mesmo porque tomei a decisão de roubar uns dois ou três anos. pensando, inclusive, em falsificar uma certidão de nascimento. o assunto, porém, é o mar. cheguei há pouco da praia. fui para maragogi. praia e mar lindos, calmos, tranquilos. pousada quase vazia, sem internet e tv a cabo. resultado: água, longas caminhadas, muito livro e muito sono. perfeito, quase. claro que o amor da minha vida poderia estar ao lado, mas como eu não tenho a menor ideia de por onde ele anda, decidi ir aproveitando os dias até quando ele decidir dar o ar da sua graça. decisão acertadíssima, porque não tem o menor cabimento - acho eu - ir ao mar e não se permitir o encantamento. tem algo mais perfeito que o mar? o ir e vir da água. o mar traz para areia um monte da sua vida e da sua morte e da areia carrega outro tanto. um ir e vir que não para. a troca quase que instantânea. o ideal, acho eu. imagina a vida que nem o mar. cada onda é uma história. nenhuma é que nem a outra. é o novo que se renova a cada minuto. apesar da distância que nos separa, o mar faz parte de mim. vai ver por isso que resolvi, nos últimos anos, que já que não há outro jeito, e a folhinha do calendário vai virar, que as velinhas da velhinha sejam sopradas também por meu amigo. a dona e o mar!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

já volto...

os dias não andam muito inspiradores.....sem inspiração...sem textos...mas, vou tentar encontra-la. quem sabe não está perdida no campo de girassóis...

domingo, 11 de julho de 2010

daqui mais de 1,5 mil 3x15

aos 15, eu tinha três certezas: o mundo acabaria no ano 2000, que nem assegurou nostradamus, eu casaria virgem de marré de si e aos quarenta eu seria que nem a dona benta do sítio do pica-pau amarelo. muito que bom. os quarenta chegaram e nenhuma das minhas previsões se concretizaram. ainda bem que virei jornalista e não cartomante, porque com toda certeza do mundo, seria um fracasso como previdora do futuro. aliás, mudando totalmente de assunto, morro de medo quando vejo cartazes de cartomante: trago o seu amor de volta...fico pensando: faço um feitiço pro sujeito voltar...e se eu mudar de ideia...o que mesmo que eu faço com o estupor enfiado aqui em casa e que não me larga de jeito nenhum, porque fiz bruxaria...por essa e por outras que fico bem longe das forças ocultas. mas voltando ao meu fracasso como uri gueller, nada do que eu achei que seria, é. já estamos há dez anos do 2000 e necas de catibiriba, quanto à previsão do meio, é melhor não tecer comentários. mas, na verdade, é a última que tem me tirado o sono e se tornado responsável por tufos e tufos de cabelos brancos que teimam em brotar por todo canto. tudo bem que estou às vésperas do aniversário e desde os 25 que, simplesmente não consigo achar a menor graça nessa conversa. se bem que sendo muito franca, nunca curti muito. sou do meio de julho. período em que todo mundo do mundo está de férias e por isso o público, inclusive o não-pagante para as festas, sempre foi muito tímido. imagina brasília nos anos oitenta...todo mundo do mundo viajava nas férias...quem ia mesmo na festa de aniversário da dona larissa? mas, dos 25 adiante, o que começou a me encafifar de verdade foi a chegada do fim. o mais grave é que acho que hoje sou uma pessoa muito melhor do que os 20 ou aos 30. admito que já fui uma coisa medonha...encrequeira, briguenta, com o ego inflado, insegura, tássia...um horror. hoje, só entro em dividida quando não tem outro jeito ( dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não entrar de jeito nenhum), o meu ego desidratou total ( hoje já sei bem o que sou e o que não sou) e só arranjo encrenca quando não tem outro jeito. sei bem qual o meu número de sapato e roupa. em suma, sou e sei que sou uma pessoa melhor. acredito que isso seja resultado da tal maturidade que vem com os anos. mas, a tal traz consigo uns efeitos colaterais que eu, simplesmente, não consigo me conformar com eles.o metabolismo não é mais o mesmo. o rosto e o corpo estão envelhecendo. enquanto isso, a minha alma está lá, apesar de mais sábia, absurdamente nova e cheia de vontade de viver...e aí? acabei de ouvir: a alternativa é a morte. qual é, meu irmão? me venha com uma proposta mais razoável! não tenho o menor plano de morrer. gosto de ficar por aqui, mas queria um plano b. queria um jeito que meu corpo acompanhasse a minha alma. e aí? alguma ideia?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

os que chegaram

desde pequena que ouço dizer que meu avô teve um filho antes de se casar com a minha avó. ele era muito novo quando isso aconteceu e esse menino nunca virou meu tio. ah! é preciso esclarecer que isso tudo se deu lá pelos anos trinta. eu tenho uma lembrança, que aliás, não sei se é lembrança ou é algo que eu acho que aconteceu, que um dia, quando meus avós moravam no rio de janeiro, lá no flamengo, esse moço apareceu para visitar. acho que isso ocorreu. muito que bem! não é que dia desses, graças às redes sociais da internet, a filha do filho do meu avô achou a minha mãe. trocaram e-mails e tais. eu, muito das intrometidas e invejosa, me aproximei da moça que, aliás, é minha prima. trocamos mensagens e emeesseenes da vida. e por incrível que pareça fiquei super amiga da filha da minha prima, que é uma menininha danada de esperta, de nove anos (eu acho). contei essa história toda, por conta da minha reclamação com o revés. para que não se lembra do banco imobiliário, é assim: sorte - você ganhou na sena, ande dez casas e pegue dez mil no banco. ou revés - a sua filha vai se casar com o cafajeste que conheceu no bingo e você vai ter que pagar pela festa: entregue cinco mil dinheiros ao banco. pois é. ando muito reclamona que quando eu jogo os dados, o meu pino anda caindo sempre na casa do revés. mas, aí me lembrei que dia desses eu conheci essas pessoas. gente que chegou à minha vida e que eu gostei que elas tenham chegado. pois é. desta vez, o dado me levou para a casa da sorte!

domingo, 4 de julho de 2010

o adeus

a televisão mega blaster moderna que até tem conversor digital (sabe-se deus lá porque isso é importante, mas me garantiram que é) só chegou aqui em casa umas duas horas após a laranja mecânica ter mostrado para o dunga e companhia bastante limitada como se disputa uma copa do mundo. lá fomos nós montar a telona, porque tem isso também. televisões modernas não vêem prontas para serem usadas. tem que montar o pedestal. só que essa operação mostrou que eu era (não sou mais) um ser carente de chaves de fenda. no mesmo dia, diga-se de passagem, descobri que aqui em casa não tem bule nem açucareiro (vou providenciar). baixou uma rápida depressão devido à minha incompetência como dona de casa, mas já passou. hoje, chaves de fendas compradas, a televisão foi montada e funcionou. aí, tinha que pensar no programa de estréia. afinal, eu devo ter sido um dos últimos moicanos a ter uma lcd e já que fiz a arte de comprar uma em doze prestações sem juros, precisava estender um tapete vermelho para o avant premiere. devia de ser com um programa que eu adoro. pensei em um lugar chamado notting hill, meu filme predileto, mas acabei em gilmore girls. fútil e bobo? pode ser! mas eu simplesmente adoro a história da mãe e filha que podem ser mais do que mãe e filha. peguei o último episódio da série. formada em yale, rory é contratada para cobrir a campanha do barack. é chegada a hora de as duas se despedirem. a menina tava ganhando o mundo e à mãe restava a felicidade de ver a filha virar gente grande. ao mesmo tempo, uma dor enorme por ter que dizer adeus. assim como aconteceu nas outras vezes que vi esse programa, me acabei de chorar. simplesmente não conseguia parar. e eu sei bem o motivo de tanta lágrima. eu não sei me despedir. eu não sei dizer adeus. as despedidas sempre são motivo de dor. antes de começar a martelar as teclas desse  texto, me lembrei de três cenas em que isso ficou bem claro. aos 16 anos, me apaixonei perdidamente por um primo. ele devia ter o dobro da minha idade e morava em outro estado. casado, renca de filho e bispo do daime. e eu totalmente apaixonada. o resultado da brincadeira: eu sentada no meio fio da rodoviária, em prantos, logo após ele ter ido cuidar da vida. por anos, guardei uma camisa verde militar que ganhei naquele dia. levou um tempão para eu me recuperar desse adeus. anos depois, já gente grande. assisti uma mãe e uma avó dizendo adeus para um filho e um neto morto. a dor das duas é impossível de ser descrita. a dor maior do mundo. a terceira tem como personagem meu filho. ele devia ter uns onze anos, quando, voltando pra casa, recebi num sinal a propaganda de umas kits que seriam construídas no bairro. li, achei razoavelmente barato e comentei como ele: bem que a gente podia comprar uma, né? ele olhou, pensou e respondeu na lata: não precisa não, porque não estou pensando em sair de casa tão cedo. claro que não confessei, mas ainda bem! que bom que nem você, ou seu irmão pretendem sair de casa tão cedo! eu não aprendi dizer adeus!! quer saber!! vão ficando por aqui mesmo, tá!!!

sábado, 3 de julho de 2010

a copa e eu

sem medo de errar, essa foi a copa do mundo mais esquisita da minha vida. mesmo quando o escrete canarinho não me empolgava muito, como em tempos de lazzaroni e zagalo, eu me animei um pouco mais. combinei com amigos de ver jogos juntos, fui a bares. enfim, eu vestia a camisa amarela. dessa vez, nem dei tchum. para falar a verdade, com exceção de um jogo, o primeiro, eu dormi em partes dos demais. hoje, por exemplo, não vi os dois gols holandeses que mandaram o brasil de volta pra casa. acordei quando faltavam uns quinze minutos para acabar o sofrimento e me embolei com o andré para ver o restinho. e ele me mandando calar a boca: por isso que eu gosto de ver jogo sozinho...para não ter ninguém ao lado enchendo o saco, resmungava o moleque. antes de ele perder a paciência, e com a impressão que o placar não ia se mover, eu catei meu livro...mas, por que o desânimo? confesso que não estou no melhor momento pessoal da vida. somado a isso, uma das pessoas que mais amo no mundo, está triste de marré de si e eu, simplesmente não consigo ficar muito pimpona quando pessoas amadas estão sofrendo. coisas de cancerianas, podem dizer os experts nos astros, mas eu prefiro crer que é jeito da larissa mesmo. mas, a minha implicância vem de antes de começar a copa. simplesmente não bateu! que nem o pintinho: não estou sentindo nada...não sinto minhas asinhas, não sinto meus pesinhos, não tô sentindo nada. foi assim. a seleção do dunga não despertou em mim qualquer emoção e passei a tarde toda de hoje pensando nisso! o que aconteceu para eu trocar de mal com o time? agora pouco descobri. eu não dou conta de me empolgar com o excesso de cedeéfice...não é viável uma seleção do brasil sem ter a cara do brasil. não somos um povo cdf. somos um povo sério, trabalhador, mas gostamos de samba, de sexo, de rock and roll! o brasileiro não é o dunga. o brasileiro é a malandragem do romário, as pernas tortas do garrincha, a genialidade, mas a ginga do pelé, a vantagem do gerson, o mau humor do felipão...vai me desculpar, mas sem esse tempero...é que nem alface. é isso...a seleção do dunga é que nem alface!!! 

quarta-feira, 30 de junho de 2010

del ou not del

dia desses li um tuíte da tati bernardi: deletar do desktop é fácil, quero ver você ter coragem de deletar do lixo também. já tem um tempo que ela postou isso, mas não saiu da minha cabeça. afinal das contas, no meu outlook há uma pasta com o nome do cidadão, na qual eu guardo uma enorme parte de e-mails enviados e recebidos. muitos são de dor, quando o amor ganhou contornos de dias de cólera. a maior parte, porém, são de mensagens de mais absurda paixão. contam a história de amor vivida. estou enrolando há um tempão para tomar a providência de selecionar tudo e apertar o botão delete!! mas, não me puno, nem me mortifico por conta disso. tenho por mim, que é um comportamento incrivelmente feminino. tipo coisa de mulherzinha. só mudou o objeto. quantas e quantas histórias conhecemos de mulheres famosas e anônimas, reais ou personagens que guardaram por toda vida as cartas de amor trocadas. hoje, são e-mails, mas continua sendo exatamente a mesma coisa. aí, agora pouco, passou pela cabeça outras manias da mulherada. quem viu sex and the city se lembra de um episódio em que a carry simplesmente põe o apartamento do sujeito abaixo na busca de algo que o comprometesse. ela achava que o gajo era perfeito demais e havia de ter um podre escondido embaixo do tapete. ela não descobriu, porque foi pega no flagra e o que podia ser um namoro feliz simplesmente naufragou! confesso, também sem qualquer culpa, que já revolvi gavetas, futuquei armários e estantes na busca de qualquer coisa, porque nessa caça, pelo menos no meu caso, não havia um objeto específico a ser procurado. na verdade, queria não achar. ter a certeza que, pelo menos naquele momento, eu era a única. o ser amado. não tinha uma sócia no meu afeto. era isso que eu buscava. ou seja, procurava nada encontrar. quanto aos e-mais, espero uma hora me encher de coragem e apertar o del e depois checar na lixeira, para saber se o moço da limpeza pública, varreu bem varrido da minha alma qualquer vestígio do amor vivido.

sábado, 26 de junho de 2010

sorte ou revés

o meu amigo comandante acha um absurdo eu reclamar da vida. afinal das contas, saúde para dar e vender, emprego bom e garantido, filhos de cabeça boa, uma casa quase no campo, do tamanho ideal, pau a pique e sapê, carro vermelho da fiat, candidata liderando as pesquisas, montes de amigos de fé e irmãos camaradas. e o botafogo nem caiu para a segundona. vira e mexe rola um preminho ou uma indicação...então tá. vou assumir que sou uma insatisfeita. nunca acho que está tudo bom...sou uma complicada e perfeitinha em dias de tpm...ou seja, muito mais complicada que perfeitinha. então, vamos combinar assim. você pode até achar que estou reclamando de barriga cheia, mas deixa eu chorar um pouquinho, porque hoje eu decidi que no banco imobiliário, eu tenho caído com muito mais frequência na casa do revés do que na da sorte. quantas pessoas que você conhece que paga duas vezes o itbi pelo mesmo imóvel? pois é. eu vou pagar. isso porque eu tive a brilhante ideia de comprar a casa, pela primeira vez, junto com o então marido. ele não tinha grana para rachar o imposto e eu paguei sozinha.casório foi pro beléleu, e para não ir pra rua da amargura, comprei a metade da casa que cabia ao cidadão. isso significa pagar o imposto de novo!! ótimo!! mas, eu assumo meus pecados capitais. não acredito em deus. defendo a legalização do aborto, da maconha, do casamento homossexual, gosto de falar ao celular quando dirijo, fumo cigarro tipo one, que juro acreditar que faz menos mal.  ah! acordo de mau humor vez em quando, sofro de insônia...mas, ao bater as contas, posso dizer sem ser tássia (tá se achando) que tenho mais virtudes que pecados. não vou listar as qualidades, para não cair na cabotinagem...odeio quem se elogia, mas acredito que estou no superávit. então...vamos combinar! seja lá com quem for! já deu, né!! custa alguma coisa que ao jogar os dados, o número resulte numa casa da sorte!!!!!

descobri hoje esse poeta inglês

a bela dama sem piedade

john keats


oh! o que pode estar perturbando você, cavaleiro em armas,
sozinho, pálido e vagarosamente passando?
as sebes tem secado às margens do lago,
e nenhum pássaro canta.

oh! o que pode estar perturbando você, cavaleiro em armas?
sua face mostra sofrimento e dor.
a toca do esquilo está farta,
e a colheita está feita.

eu vejo uma flor em sua fronte,
úmida de angústia e de febril orvalho,
e em sua face uma rosa sem brilho e frescor
rapidamente desvanescendo também.

eu encontrei uma dama nos campos,
tão linda... uma jovem fada,
seu cabelo era longo e seus passos tão leves,
e selvagens eram seus olhos.

eu fiz uma guirlanda para sua cabeça,
e braceletes também, e perfumes em volta;
ela olhou para mim como se amasse,
e suspirou docemente.

eu a coloquei sobre meu cavalo e segui,
e nada mais vi durante todo o dia,
pelos caminhos ela me abraçou, e cantava
uma canção de fadas.

ela encontrou para mim raízes de doce alívio,
mel selvagem e orvalho da manhã,
e em uma estranha linguagem ela disse...
"verdadeiramente eu te amo."

ela me levou para sua caverna de fada,
e lá ela chorou e soluçou dolorosamente,
e lá eu fechei seus selvagens olhos
com quatro beijos.

ela cantou docemente para que eu dormisse
e lá eu sonhei...ah! tão sofridamente!
o último dos sonhos que eu sempre sonhei
nesta fria borda da colina.

eu vi pálidos reis e também príncipes,
pálidos guerreiros, de uma mortal palidez todos eles eram;
eles gritaram..."a bela dama sem piedade
tem você escravizado!"

eu vi seus lábios famintos e sombrios,
abertos em horríveis avisos,
e eu acordei e me encontrei aqui,
nesta fria borda da colina.

e este é o motivo pelo qual permaneço aqui
sozinho e vagarosamente passando,
descuidadamente através das sebes às margens do lago,
e nenhum pássaro canta

sexta-feira, 25 de junho de 2010

a justiça e o cafajeste

no meio do segundo tempo do jogo, eu desisti da televisão e vim ler na internet o que tinha acontecido no brasil e no mundo. nenhuma novidade. mas, achei uma notícia que me deixou animada. um cidadão de nome eduardo gonçalves da silva foi condenado a um ano e pouco de regime semi-aberto e terá que pagar multa de R$ 1,2 mil ao mês à jornalista rose leonel. o que fez o sujeito? publicou em sites pornográficos fotos e os telefones da moça, que fora sua namorada. os retratos traziam cenas dos dois enquanto faziam sexo. devia ter parado a leitura por aí. afinal, é muito salutar saber que a justiça pune cafajestes, como eduardo gonçalves da silva. mas, caí na bobagem de ler os comentários que os leitores fizeram à notícia. aí, eu que já estava enjoada por conta da mediocridade do futebol canarinho, quase que tive que fazer um pit stop no banheiro. só para dar uma ideia dos comentários: um tal de renato disse que viu as 140 fotos da rose e achou que a moça é "profissional na arte". a ana escreveu: "bem feito, quem mandou confiar nesse cachorro". do mauro: "vc é feia demais..nao passaria no meu controle de qualidade….dá graças a deus que esse cara quis ao menos ficar 3 anos com vc….corajoooosooooo." o comentário do rafael, então: "eu vi as fotos. a mulher é uma perva profissional. adora tirar fotos com um pirulito na boca. tirou foto até com a própria mão dentro do fiofó." felizmente, no entanto, a maioria dos comentários é na defesa da rose e condenando o maníaco que enviou as fotos aos sites. mas, ainda assim, é de ficar de cara com o reacionarismo que reina ainda na sociedade brasileira. a moça manda bem na cama? muito bom pra ela! quem dera se todas as brasileiras fossem felizes no sexo!! ela confiou no sujeito? sim...a gente costuma confiar nos nossos namorados ou maridos. a confiança, aliás, é a base de uma relação. a gente não vive com quem não confiamos, ora bolas. o jeito é fazer de conta que não pousei meus olhos nas opiniões dos leitores e só fiquei sabendo que o eduardo gonçalves da silva se deu mal. que sirva de exemplo para outras pessoas que resolvam ter a mesma ideia que ele!!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

na escuridão

estávamos as duas em fase pós-separação. ambas na faixa dos vinte e muitos quase trinta ou trinta e poucos. enfim, com muita vontade de ter um para chamar de seu. a mais nova descobriu primeiro o maravilhoso mundo do cyber encontro. uma belo dia, ligou toda animada dando conta que tinha descoberto um site no qual era possível achar gajos dispostos a nos arrancar da solteirice. não botei muita fé na brincadeira. mesmo porque, eu estou longe de crer na existência de um par perfeito. mil vezes os imperfeitos, os gauches na vida, os pouco convencionais. bom, mas era uma quinta à tarde e eu liguei: vamos beber? não posso, respondeu de pronto..tenho um encontro com um moço lindo que conheci na internet. como é que você sabe que ele é lindo, se você não viu o cidadão? ele mandou uma .jpg por e-mail e é lindo, inteligente, alto e gostoso. então, tá, né. diante de tal curriculum vitae, só me restou convidar outra amiga para a sessão pré-coma alcóolica. e tava eu bem no boteco, dando risadas, quando me toca o celular. olha! em cinco minutos, você me liga e diz que houve um acidente e que você precisa de mim, com urgência. ué, mas o moço não é lindo, inteligente, gostoso e perfeito? liga em cinco minutos, porra!! tá bom! tá bom! liguei e em 15 minutos, lá tava ela bem aboletada ao meu lado no bar. o cyber namorado era o oposto do que contara e mostrara na fotografia. e para piorar, a conversa era péssima e exalava um cheiro que não podia ser considerado dos mais agradáveis. mas, nego não se emenda e tenho que confessar que nós, mulheres, não somos as criaturas mais espertas do planeta, quando o tema em pauta é o sexo oposto. a amiga que já estava ao meu lado no bar e que acompanhou toda a conversa, resolveu que com ela seria diferente. afinal, né! o raio não cai duas vezes. conheceu um moço lindo, inteligente, alto e gostoso no mesmo site. mas, jurava de pés juntos que o desfecho seria outro. comprou roupa e sapatos novos (de saltos altíssimos), esticou o cabelo com escova, passou rímel e lá foi ela se encontrar com o quase desconhecido. bom, aqui em brasília, há um bar que chama bar do mané - rei das codornas, especializado em pescoço de peru. essa minha amiga é fresquíssima. adivinha onde ela foi parar?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

os maridos



me desculpa meninos, mas não resisti e estampei aqui fotos dos dois!!!



eu adoro futebol. sempre gostei. a primeira copa da qual me lembro um pouco mais foi a de 78, na argentina. me recordo do meu padrasto torcendo contra, por causa da ditadura, mas eu não conseguia entender qual era a relação. e torcia! fiquei arrasada quando a argentina meteu seis no peru e o brasil voltou para casa sem a taça. em 1982, eu colecionei o álbum da copa. foi a primeira e única vez que isso aconteceu. mesmo porque, nunca fui muito fã de álbuns ou de coleções. não sou do tipo de pessoa que gosta de juntar coisas. quando enfim, voltamos a gritar: é campeão, eu chorei com o romário e torci que nem uma alucinada pela recuperação do fenômeno. eu gosto e entendo de futebol. sei até quando é impedimento e etc e tal! mas, desta vez, eu tomei uma birra com o dunga que tá custosa de passar! confesso, porém, que achei muito bom ele ter brigado com a turma da tv globo. mas isso porque ando de bronca (bronca bem antiga, aliás) de jornalista achar que é dono da razão. birra com essa conversa de jornalista achar que pode dizer tudo o que quiser, mas não pode ouvir...isso dá uma canseira...porque eu ouço, leio e vejo cada bobagem, mas cada bobagem...matéria mal apurada, matéria mal intencionada e por aí vai...e no outro dia...tá lá o dono da obra prima todo pimpão...se achando..aff!! que preguiça!! mas, voltando ao dunga. o que eu implico é que acho o sujeito muito conservador. quando me fala que nem todo mundo gosta de sexo, fico eu aqui pensando que deve de ter o pau pequeno...só pode...mas..antes de a bolinha começar a rolar na terra dos bafana, me baixou um desespero para definir para quem iria a minha importante torcida. ia ser um pouco pro brasil, é claro (mas confesso que dormi no primeiro tempo do jogo contra a costa). mas, me animar mesmo...me acabar...gritar gol!! havia de definir um critério. como sou mega blaster botafoguense, e o único jogador do botafogo na copa é o loco, decidi, então, que seria uruguai desde pequenininha. quando me perguntam o motivo, explico que pelo menos até o dia 11 de julho, eu sou casadíssima com o loco abreu. mas não é que logo no primeiro jogo, eu me apaixonei também pelo forlan e virei bígama!!!



segunda-feira, 21 de junho de 2010

anjo torto

uma pessoa muito querida de uma outra pessoa que me é muito querida está doente. mais um susto na família, que torce por um drible na morte. desde a hora que eu recebi a notícia, esse poema do drummond me vem à cabeça. também estou na torcida para que esse gauche possa continuar a ser gauche na vida por mais tempo. afinal, o mundo precisa dos gauches!


poema de sete faces

carlos drummond de andrade

quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: vai, carlos! ser gauche na vida.

as casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
a tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

o bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
para que tanta perna, meu deus,
pergunta meu coração.
porém meus olhos
não perguntam nada.

o homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
quase não conversa.
tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode,

meu deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era deus
se sabias que eu era fraco.

mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

sábado, 19 de junho de 2010

o meu protesto contra o protesto corpóreo!!

uma vez, já há algum tempo, uns oito anos, eu acho, me aparece no programa do jô um pernambucano loiro, de olhos azuis, meio gordo e muito esquisito! aprendi que era o otto e que o sujeito era cantor e compositor. tinha acabado de lançar o disco condon black. e eu encantada com a entrevista. lá pelas tantas, o otto foi cantar e me solta: no condon black é assim: é pau, é cú e é buceta! amei o sujeito. comprei o disco e uma das músicas, aliás, foi trilha sonora de um caso de amor: dias de janeiro. "amo você. amo você. talvez não seja certo, mas amo você demais". além do pinxinguinha, quando o amor foi embora, ele levou o disco do otto. e aí, o pernambucano meio que saiu da minha vida. nessa quinta, descobri que ele se apresentaria aqui em brasília, num show de grátis. o problema é que ia ser num lugar meio ruim de ir sozinha, por conta de ter que estacionar bem lonjão e no escuro. a minha auto-suficiência ainda não me assegurou essa coragem toda - eu chego lá ainda. bom, eu queria ir, mas tinha que achar alguém que gostasse do otto. fiz uma check list das possíveis companhias e resolvi tentar. oi...tem show do otto hoje..que ir comigo? não só topou, como disse que adorava o otto. bom, lá pelas dez da noite, lá estava eu: tênis, jeans, gorro preto e mil casacos, na platéia. um frio do pleura, mas um astral muito bom. pelas tantas, resolvi dar uma olhada no público não-pagante que estava perto de mim. um ou outro devia ser da turma que nasceu nos fins de sessenta ou começo de setenta. o resto era dos oitenta e noventa...aí, me encanei com uma coisa: quando mesmo que eu vou virar gente grande? quando que vou preferir um jantarzinho e um vinho a uma boa noitada? bom, na falta de uma resposta, decidi que o melhor mesmo era me acabar com o otto. no dia seguinte, fui ver o lenine e emendei com uma festa. resultado: hoje o corpo protestou....duas noite seguidas de baladas não são mais pro meu bico!!! mas, era sábado..dia da preguiça.. e aproveitei e me acabei de dormir, ler e ver filmes em dvd....foi meu protesto contra o protesto do fígado e amanhã....ele que me aguarde...


a música dias de janeiro está no site abaixo...aliás, queria muito aprender a postar vídeos por aqui. alguém pode me ajudar???
http://www.youtube.com/watch?v=xXh5l-OYxwM

inimigo meu

voltando para casa à noite. acho que era um sábado e eu vinha do cinema. a rádio onde eu trabalho optou ( ou foi obrigada a, mas isso é outra história) por uma programação musical no melhor estilo espanta tubarão e por isso, perdeu uma ouvinte - e muitos outros pelo que já ouvi...bom, repetindo...esse é outro caso...mas, tava eu zapeando e parei na cbn. passava um programa em que um psicanalista ou psicólogo atende os ouvintes. uma pobre de uma mãe pedia conselhos para lidar com um problemão: o filho mais velho hostiliza muito o menor e ela não sabia mais o que fazer para conquistar a paz doméstica. para minha surpresa, o profissional de cuidar de cabeças explicou que normalmente, as relações entre irmãos são conflituosas, marcadas por ciúmes, competições e invejas. mas, à medida que os filhos vão virando gente grande, a coisa melhora. citou, até, caim e abel como exemplo do inferno que é o amor fraternal. segundo o sujeito, as ótimas relações entre irmãos são excessões. eita...quer dizer que eu sou uma freak? uma excessão? eu adoro meus irmãos. sou super amiga deles. aliás, cada um é muito amigo do outro. posso dizer sem medo de errar que minha irmã é a minha melhor amiga e eu sou a dela (te cubro de porrada, se você me desmentir!!!). além disso, muitos dos meus amigos se relacionam super bem com os irmãos...mas...como sou jornalista e não psicanalista...resolvi testar aqui em casa a tese do especialista da cbn . ontem, quando cheguei, o mais velho estava com uma moça no quarto. bem trancados os dois lá dentro. hoje, saí com o mais novo para almoçar. lá pelas tantas, sapequei. quem era mesmo a doninha no quarto com seu irmão? eu não vi moça nenhuma aqui em casa ontem, mãe. como assim, moleque? claro que ela estava lá! pode até ter estado, mãe, mas eu não vi. e tem mais: eu e meu irmão, guardamos os segredos um do outro. mas, como assim? o cara da cbn disse que vocês são inimigos!!! então, tá, mãe....

quarta-feira, 16 de junho de 2010

as estradas da itália

completamente água com açúcar. eu gosto de filmes rotulados como comédia romântica, desde que não sejam bobos demais da conta. os com a jennifer anniston geralmente são péssimos. vi um dia desses, que até hoje me pergunto o que foi aquilo. o pior é que o filme deixou um monte de pontas soltas...nada ornava com nada. aliás, a jennifer e a cameron diaz são dois mistérios da fé para mim. simplesmente não consigo entender o que os moços vêem nessas duas donas, e olha que sou do tipo que acha mulher bonita. a julia é deslumbrante, por exemplo. mas, voltando ao filminho de hoje. depois daquela experiência mais do que broxante de ver o brasil suar para vencer da coreia do norte pela diferença de um gol, só o que me restava era procurar refúgio numa boa sessão de cinema. aliás, fala a verdade, né. levanta a mão quem já ouviu falar da tradição dos comunistas de olhinhos puxados no futebol! fui ver cartas  para julieta. na verdade, o que me atraiu pro escurinho foi o fato de a película ter sido filmada na itália. e não me decepcionei. a história é boba de dar dó. os atores jovens bem dos ruizinhos. mas tinha a vanessa redgrave, que bate um bolão. e o bonitinho é que o par da vanessa no filme, o franco nero, é marido dela de verdade. bom, a história começa em verona,  cidade que além de ser linda de doer, é onde morava a julieta de romeu. reza a lenda, ou pelo menos diz o filme, que até hoje, mulheres com corações partidos vão até a parede da casa de julieta para deixar cartas de amor. o que não faltam são correspondências, mesmo porque são muitas as donas com dores na alma. uma dessas cartas é de claire, uma inglesa, que cinquenta anos atrás havia vivido um lindo e tórrido caso de amor com um italiano. mas, ficou com medo e fugiu. meio século depois, ela volta à itália, na busca desse homem. e lá vai ela, de carro, itália a fora à caça do carcamano. aí, o filme vira um show. cada visual! cada cantinho! cada girassol! valeu o ingresso. também pagou os 16 reais,a cena logo antes do encontro, quando a claire ameaça desistir de rever o sujeito. afinal, há cinquenta anos,  lorenzo conhecera uma menina. e hoje se depararia com uma mulher de quase setenta. para ela, ele não iria se interessar. afinal, o frescor da juventude ficara para trás. bom...como é uma história de amor, tudo deu certo. saí do cinema decididíssima a  juntar uma grana, porque no ano que vem, vou alugar um carro e dirigir toda a itália. pode ser que encontre mais um grande amor, mas nem vai fazer mal se não encontrar!

sábado, 12 de junho de 2010

i do believe in fairies!!!

http://www.youtube.com/watch?v=hFnul4k5hUM&feature=related

tinkerbell

as fadas morrem, quando não acreditamos nelas. desesperado ao perceber que a sininho, ou a tinkerbell estava quase morta, peter pan repete inúmeras vezes: i do believe in fairies. o grito do menino que se recusa a crescer ecoa e o mundo inteiro passa a repeti-lo. a fadinha é salva. sorte nossa, né. a vida já é custosa e sem as nossas fadas, seria simplesmente inviável. cada um deve ter suas fadas madrinhas. eu tenho algumas, mas hoje, dia dos namorados, eu pensei o dia inteiro em uma delas e há pouco, por uma enorme coincidência (achava eu) ela me ligou para saber como eu estava. mas, a ficha caiu e entendi que foi uma fadice. um feitiço da tinkerbell. depois de falar com ela, o meu humor em relação ao dia dos namorados mudou geral. melhor explicar. eu tenho muitos poucos exemplos familiares de relações conjugais duradouras. talvez, por isso, considere razoável que casamentos ou namoros sejam de curta vigência. além disso, tenho a certeza mais certa do mundo que os amores são que nem antibiótico. têm prazo de validade. depois de um certo tempo, simplesmente deixam de ser eficazes e vão morrendo. mas, a minha tinkerbell está aí para provar o contrário. uns poucos anos mais velha que eu, ela completou dia desses 25 anos de casamento com o mesmo cidadão. contando o tempo do namoro, os dois devem estar juntos há uns 28 anos e, incrivelmente, ainda mais para pessoas como eu, que não botam fé em longas histórias de amor, os dois se amam enormemente e são muito felizes. eu a conheço há uns vinte anos e a conheci antes mesmo de ela perceber que eu existia. é uma lembrança engraçada, porque não devia ter ficado, mas até hoje, me recordo de um moço com cabelos bem pretos que cuidava de uma menininha nos corredores da unb, enquanto a minha tinkerbell estava na aula. acho que a cena permaneceu, porque a pequena - filha dos dois - era muito lindinha...bochechas enormes..uma coisa. dia desses, a menininha se formou. também na unb. morri de orgulho!! uns dois anos depois do encontro no corredor, eu fui procurar emprego num jornal e bem sentado na mesa de chefe de reportagem estava o pai da menininha. ele me contratou e eu nunca mais deixei de ser amiga desses dois. acompanhei o nascimento dos outros filhos. ela segurou a minha mão e chorou comigo quando o lucas decidiu fazer um pit stop na uti. hoje...tá todo mundo grande...no meu caso, os meninos estão enormes. nesse intervalo, foram muitos 12 de junho. em alguns, eu estava muito feliz. em outros, tristíssima. peguei fila em motel, desisti da fila, fui mal atendida em restaurantes, comi e bebi bem algumas vezes, fiz macarrão em casa. ganhei presentes, dei presentes. enquanto isso, a tinkerbell e o seu peter estavam lá. juntos passaram por muitas alegrias, mas também por alguns sustos. e novas alegrias e novos sustos vão vir e eu, que acredito em fadas, creio também que juntos, eles vão tirar de letra qualquer tranqueira. tinkerbell, i do believe in fairies. e hoje, em 12 de junho de 2010, por sua causa, eu posso dizer: i do believe in love!!!!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

a copa

nunca antes na história desse país, eu me sinto tão desanimada com uma copa do mundo. nem sei que dia o brasil estréia, ou contra quem. qual o nosso grupo. quem são os favoritos. da nossa seleção, acho que sei os nomes de uns quatro ou cinco. do uruguai, sou amicíssima do loco abreu, mas por outros motivos e da argentina também sei uns três nomes: maradona, messi e tevez. pronto e acabou a minha enciclopédia da copa. não comprei o álbum, não colecionei figurinha, não leio as notícias da copa e vendo na televisão o show da abertura, só me chamou a atenção o corpaço da shakira. mas, tenho que confessar que foi pura inveja!! deve ser tão bom ter uma barriga chapada e uma cintura daquele tamanho!! mas, o que é muito esquisito, nessa história é que até essa copa, eu era totalmente apaixonada pelos jogos. a primeira que me lembro foi a de 1978, na argentina. em 82, quase morri quando o brasil foi eliminado no estádio sarriá. nas outras também torci muito. amei quando o baggio isolou aquela bola e torci muito pro ronaldo em 2002, na final contra a alemanha. era e ainda sou fã incondicional do felipão. torço muito que ele volte para o brasil e num futuro reassuma a seleção canarinho. na última copa, em 2006, a minha casa foi palco de muitas festas. mais de uma vez, muitos amigos encheram a sala, ocuparam a churrasqueira e emborcaram litros e mais litros de cerveja. eram dias felizes e eu tinha a certeza de viver uma linda história de amor..um mês após a derrota para a frança, em primeiro de julho, a ficha caiu. na verdade, o que eu vivia era um livro do stephen king! possa ser que eu tenha ficado com trauma de copa..e possa ser também que eu volte a me animar e tire do fundo da gaveta a minha camisa da seleção, pendure uma bandeirinha no meu carro e saia pelo mundo: brasil....sil...sil....