sábado, 30 de outubro de 2010

o entulho

já há algum tempo que meu computador está na unidade de terapia intensiva. na verdade, ele está precisando mudar de casa e abrir espaço para outro. mas há dois problemas. o primeiro é que eu tenho a psicopata mania de me apegar a máquinas. morro de pena de passar adiante as que não me servem mais. cada vez que tenho que vender um carro é um suplício. passo dias e dias pensando se o novo dono vai ser carinhoso, se vai só cuidar dele em boas lojas, se vai explicar para ele o que pode e o que não pode. se vai dividir com o carro as angústias da vida. passo um tempão no carro. ele é meu brother, como diz o fragoso. não dá para simplesmente abandona-lo numa concessionária da vida. uns tempos atrás, a máquina de lavar emburrou de vez. chamei o moço, e ele muito dos constrangidos me disse que não havia mais no mercado peças para a reposição, porque o equipamento já tinha uns trinta anos. quase morri de tão ofendida que fiquei. quer dizer que quem trinta não pode ser recauchutado? qual é, meu irmão!!! bom. mas como não teve outro jeito, comprei uma nova. mas juro de pés juntos até hoje que a velhinha era muitas vezes melhor. lavava que era uma beleza. mas voltando ao computador. não dá mais. ando passando muita raiva e como estou numa fase pós-obra, que dinheiro está mais em extinção que o mico leão dourado - esse é o segundo problema, decidi que, pelo menos, chegou o momento de dar uma tal de formatada. o moço formatador me disse: olha - para você não perder nada, grava tudo que tem aí em dvds. é o que estou fazendo há uns dois dias. incrível como há informação nessa maquininha!! tantas mil fotos, tantas mil músicas, outros tantos e-mails, documentos e por aí vai. tô que tô salvando tudo, mas tô aqui matutando com os bordados do meu vestido. será mesmo que preciso guardar isso tudo. ou melhor? por que diabos, isso tudo está guardado? nem ouço mais essa música. que foto mais feia! o que eu queria dizer com esse documento. em suma! o meu computador é meio que nem minha vida. tá lá muito do essencial e muito que vai me fazer falta. lembranças de momentos mais que felizes gravados em fotos. canções que amo e que não canso de ouvir. em compensação, há um monte de entulho. de tranqueira. bem que eu podia aproveitar a formatada da máquina e escolher o que eu quero guardar. o resto bem que podia tomar o rumo da lixeira. providência igual devia fazer na minha vida. reservar o que importa e o resto descartar. se eu fizer uma triagem no meu guarda-roupa, pelo menos um quarto do que está por lá pode sair. se eu fizer uma triagem na minha vida, tenho a certeza que vou encontrar um tanto de histórias, pessoas e experiências que merecem ir cantar em outra freguesia. acho que devia aproveitar o momento. formata a máquina e formata a larissa. uma chance de recomeçar com o hd zerado!!

Um comentário:

  1. Larissa, muito bom o texto do entulho,porquê que as pessoas tem o hábito de guardar tanta porcariada?
    As vezes guardo coisas por anos e quando decido me desfazer, percebo que aquilo nem me fez falta.
    Formate a máquina e formate a Larissa.
    Beijos.

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