quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

saudades de gostar....

dia desses, ouvi de uma amiga: ô lalá, tô com saudades de gostar! saudades dos muitos períodos da minha vida em que amei homens. ando incomodadíssima com isso, porque caiu minha ficha que também estou com muitas saudades de me apaixonar. saudades de sentir borboletas voando no estômago cada vez que o ser apaixonado ou amado telefona, encosta em mim ou faz um carinho mais sensual. porque quem está apaixonado ou amando sabe bem o tanto que é diferente quando se é tocada pelo moço certo! os outros podem até despertar desejo, mas não é nunca a mesma coisa do que ser acariciada pelo ser amado. disso que tenho saudades. quem, por um acaso na vida ler esse texto pode pensar: ô coitada dela! não consegue atrair homem nenhum! deve de ser uma dona chata, feia, fedorenta e burra! não sou nada disso. pelo menos acho que não! além disso, andei fazendo contas e só nesse ano que se encerra amanhã, mais de dez sujeitos diferentes passaram pela minha vida. só que eu, simplesmente, não me interessei por nenhum deles. todos tinham defeitos intransponíveis: cabelo demais no peito (um), pouca altura (menos de 1,80 - outro), votou no serra (outro), usava camisa pólo (vários). fala a verdade? não são defeitos demais? as mais sensatas vão dizer que não. afinal, não tem nada demais namorar o clone do totó e o guarda-roupa do sujeito pode passar por um extreme make-over! pois é! até concordo que sou mais chata do que o juízo aconselha, mas fui assim em 2010. talvez uma ideia, ou uma resolução para o ano que começa é dar uma relativizada. (eu sou tão pentelha, que num encontro com um homem lindo, ele dana a falar mal do lula. lá pelas tantas, perguntei: onde mesmo que você aprendeu tudo isso contra o lula? na veja, respondeu o cristão. e vira eu: que tal passar a ler a contigo? você vai ficar muito melhor informado).  nessa de ser mais flexível, eu não poderia, simplesmente mudar o rumo da prosa e buscar afinidades? talvez eu pudesse ter me apaixonado por ele! apesar de  não gostar do lula, ele tinha outras tantas qualidades que eu admirava! então, se me toquei que estou com uma enorme saudades de amar de novo, uma ajuda que posso me dar é me permitir amar. isso passa, é claro, pela tolerância. só tem um brad e um clooney e aposto que de perto eles também não são perfeitos! esse é um acordo que vou fazer comigo mesma. vou me permitir, e quando encontrar um amável, ir à luta. não desistir simplesmente como ando fazendo. afinal das contas, sempre defendi a tese que é melhor amar, mesmo não sendo amada de volta, do que simplesmente não amar! ai, que saudades...............

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quase vinte...uma carta para minhas amigas...


vou começar dando uma de bel e pedindo desculpas pelos presentes de natal deste ano. há muito tempo eu não experimentava uma fase tão desprovida de dinheiro na conta e aí os regalos ficaram do tamanho das minhas possibilidades. bom...sessão bel concluída...sabem de uma coisa...no ano que vem completam 20 anos que eu sou formada. sou da turma de 1990 da unb, mas por conta das mil e uma greves enfrentadas, só peguei o canudo lá para março ou abril do ano seguinte.
o bsb brasil foi meu primeiro emprego como jornalista. devo ter batido na porta daquele barracão velho no sig lá por maio ou junho. um moço pouco mais velho do que eu chefiava e assim que falei meu nome, ele soltou: ah! você que é a mulher do paulo miranda. muito das metidas que sempre fui e continuo sendo, respondi: não, eu sou a larissa bortoni, mesmo. em seguida, pensei: lascou! agora que não arrumo o emprego, mas para a minha surpresa, ele ligou em uns dois ou três dias e lá fui eu começar a minha jornada como repórter de cidade. bom, deu no que deu!
eu não sei qual de vocês que conheci primeiro. provavelmente a taís. a bel era muito chique e cobria política na recém instalada câmara legislativa. a cláudia não me dava bola de jeito nenhum. aí, fui me aproximando daquela moça linda. muito morena, de cabelo lisão (morria de inveja) e comprido. a parceria era a mais improvável possível. eu, petista roxa, que ainda o sou e a moça casada com o temido cláudio humberto – o porta-voz do mais terrível ainda presidente collor. mas, por  enorme ironia do destino, ou como prefiro acreditar, porque sou uma pessoa de muita sorte, a petista e a mulher do porta-voz foram se aproximando. almoçávamos juntas todo santo dia. de reboque vinha a cláudia, que já era amiga da taís. logo, a bel foi se aproximando. gente, isso tudo aconteceu há quase vinte anos. lá pelos meados de 2011, nós faremos o aniversário de vinte anos de amizade.
já pensaram o tanto que nós somos afortunadas de após duas décadas estarmos juntas!  nós crescemos juntas. estamos quase virando gente grande. juntas, vimos os nossos filhos virarem homens e mulheres. juntas, tivemos  outros filhos, e se tudo acontecer como eu pretendo que aconteça, juntas, vamos ver nossos netos correndo pelo gramado do parque da cidade. tenho histórias específicas com cada uma de vocês. com cada uma e com as quatro juntas eu vivi emoções fortíssimas. chorei, dei risadas, brinquei, fui feliz, fiquei triste. são vinte anos de vida juntas! olha que coisa! quem diria! e eu até virei boa jornalista. os meus primeiros meses naquele galpão do bsb foram quase que insuportáveis, mas lá pelas tantas, nem ligava. eu tinha ganhado amigas!!!
bom, mulherada! essa carta para as minhas amigas é para alertá-las que no ano que vem, vamos comemorar o nosso vigésimo aniversário de amigas e para dizer que saber que sempre tenho vocês por perto me ajudou a ser mais feliz neste tempo todo. feliz natal e nem preciso dizer, mas eu amo profundamente cada uma das minhas companheiras do clube da felicidade e da sorte!
bsb, 14 de dezembro de 2010.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

eu também sinto medo e muito!!

dia desses no carro, meu filho mais velho estava reclamando que o menor não conta o que acontece com ele e aí fica muito difícil para ele cuidar do pequeno. mãe, às vezes ele se ferra e não fala nada!! como mesmo que eu vou protegê-lo!! aí, vira eu: e a mim? quem cuida de mim? ah, mãe!! você é uma das pessoas mais valentes que eu conheço. não precisa de ninguém cuidando de você, não. êpa!! qual é, moleque? nem sou tão corajosa assim e, na verdade, preciso muito que cuidem de mim! tenho medos que nem todo mundo, e o medo maior é o de perder pessoas amadas. vivi esse medo com muita intensidade no dia 29 de novembro de 1993. dois dias antes, tinha vindo ao mundo meu filho mais novo. fez o favor de dar o ar de sua graça sessenta dias antes da data certa. foi até bom, porque ele queria porque queria chegar ainda antes. foi um esforço engabelar ele até o sétimo mês. mas teve uma hora que nem a mãe e nem o moleque aguentavam mais. o resultado foi um parto de emergência e um pequenininho que ainda não sabia respirar. corre com o moleque para o respirador. uma máquina tinha que fazer o serviço que os pulmões ainda não sabiam como. a maternidade não era das mais equipadas e na manhã do dia 29, me peguei sozinha no quarto do hospital. todo mundo sumiu. lá pelas tantas me aparece o pediatra do filho mais velho, já meu amigo. veio com uma conversinha mole, mas diante de tanta pergunta contou: o bebê foi removido! o pânico veio com força total! removido é quem está morto! ele morreu?, perguntei. não, mas achamos melhor levá-lo para outro hospital com uti, mas fica tranquila, que está tudo bem. ah, tá! quem tá bem vai mesmo para uti. me dei alta da maternidade onde estava, para desespero das enfermeiras e sem o consentimento da obstetra e me mandei de táxi para a tal uti. quando lá cheguei, ouvi um choro alto, de homem. não sabia quem chorava, nem de onde vinha, mas logo descobri que o desespero era do pai do meu filho. o pânico voltou com mais força ainda: agora danou-se! mas, o chefe da uti nos explicou que as chances do pequeno eram enormes. ele era grande para um prematuro (e era mesmo em comparação com os outros nenês que estavam por lá). e que ele tinha a certeza que tudo daria certo. foram seis dias de vigília e angústia. nessas horas todas, alguns sustos, mas tudo funcionou com devia e antes de uma semana de uti, o rapazinho teve alta. mas a gente ainda não podia ir para casa, porque ele fez o favor de ficar com icterícia. mais uma noite de hospital tomando banho de luz. pedi para a família para ficar sozinha com ele aquela noite. seriam as nossas primeiras horas juntos. seria a primeira vez que eu poderia pegá-lo no colo por horas...trocar a fralda, amamentar direito. era um momento só de nós dois. me lembro que fazia um calor absurdo em brasília e a luz forte do aparelho anti-icterícia transformava o quarto numa sauna. tinha até ar condicionado, mas quem disse que eu tive coragem de ligar o aparelho! e se ele pegasse uma pneumonia galopante por conta do ar frio??? na manhã seguinte, eu e o pequeno de pele bem branca e uma cabeleira muito preta fomos para casa. isso, quase dez dias depois do nascimento. durante todo esse período, eu fui cuidada e recebi o carinho de muitos, mas nada era capaz de amainar o meu medo. estava em permanente estado de pavor. medo de perder. medo de não dar certo. um medo tão enorme, que nem dá para descrever. dia desses, esse moleque virou para mim e disse que ia para uma festa de uma menina de 17 anos. que isso, menino!!! desde quando você vai em festas de gente tão mais velha??? mãe, daqui uns dias, eu também faço 17! foi quando a ficha caiu. o meu  caçula está quase "de maior". o medo hoje é menor, mas está presente. medo de ele e do irmão não serem felizes. medo de eles sofrerem e eu não poder evitar essa dor. medo do que a vida de adulto reserva para esses dois e sem eu estar lá para proteger. mesmo porque, uma hora eles vão ter que encarar o mundo sozinhos. o meu consolo é que os dois já avisaram que não pretendem sair de casa tão cedo...muito bem, meninos...vão ficando...podem ir ficando!