domingo, 4 de julho de 2010

o adeus

a televisão mega blaster moderna que até tem conversor digital (sabe-se deus lá porque isso é importante, mas me garantiram que é) só chegou aqui em casa umas duas horas após a laranja mecânica ter mostrado para o dunga e companhia bastante limitada como se disputa uma copa do mundo. lá fomos nós montar a telona, porque tem isso também. televisões modernas não vêem prontas para serem usadas. tem que montar o pedestal. só que essa operação mostrou que eu era (não sou mais) um ser carente de chaves de fenda. no mesmo dia, diga-se de passagem, descobri que aqui em casa não tem bule nem açucareiro (vou providenciar). baixou uma rápida depressão devido à minha incompetência como dona de casa, mas já passou. hoje, chaves de fendas compradas, a televisão foi montada e funcionou. aí, tinha que pensar no programa de estréia. afinal, eu devo ter sido um dos últimos moicanos a ter uma lcd e já que fiz a arte de comprar uma em doze prestações sem juros, precisava estender um tapete vermelho para o avant premiere. devia de ser com um programa que eu adoro. pensei em um lugar chamado notting hill, meu filme predileto, mas acabei em gilmore girls. fútil e bobo? pode ser! mas eu simplesmente adoro a história da mãe e filha que podem ser mais do que mãe e filha. peguei o último episódio da série. formada em yale, rory é contratada para cobrir a campanha do barack. é chegada a hora de as duas se despedirem. a menina tava ganhando o mundo e à mãe restava a felicidade de ver a filha virar gente grande. ao mesmo tempo, uma dor enorme por ter que dizer adeus. assim como aconteceu nas outras vezes que vi esse programa, me acabei de chorar. simplesmente não conseguia parar. e eu sei bem o motivo de tanta lágrima. eu não sei me despedir. eu não sei dizer adeus. as despedidas sempre são motivo de dor. antes de começar a martelar as teclas desse  texto, me lembrei de três cenas em que isso ficou bem claro. aos 16 anos, me apaixonei perdidamente por um primo. ele devia ter o dobro da minha idade e morava em outro estado. casado, renca de filho e bispo do daime. e eu totalmente apaixonada. o resultado da brincadeira: eu sentada no meio fio da rodoviária, em prantos, logo após ele ter ido cuidar da vida. por anos, guardei uma camisa verde militar que ganhei naquele dia. levou um tempão para eu me recuperar desse adeus. anos depois, já gente grande. assisti uma mãe e uma avó dizendo adeus para um filho e um neto morto. a dor das duas é impossível de ser descrita. a dor maior do mundo. a terceira tem como personagem meu filho. ele devia ter uns onze anos, quando, voltando pra casa, recebi num sinal a propaganda de umas kits que seriam construídas no bairro. li, achei razoavelmente barato e comentei como ele: bem que a gente podia comprar uma, né? ele olhou, pensou e respondeu na lata: não precisa não, porque não estou pensando em sair de casa tão cedo. claro que não confessei, mas ainda bem! que bom que nem você, ou seu irmão pretendem sair de casa tão cedo! eu não aprendi dizer adeus!! quer saber!! vão ficando por aqui mesmo, tá!!!

Um comentário:

  1. Se servir de consolo,também não aprendi dizer adeus, consigo aceitar meu filho casado, mas morando junto comigo, rsrs.
    Um beijão!!!

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