sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

sem adeus

afogado em uma pilha de pedras, tijolos, poeira e entulhos, um moço de 34 anos deu conta de pegar o celular e ligar para a namorada. foram apenas duas palavras: oi, amor. depois disso o mais completo silêncio. nem mais um sinal. o amor ficou mudo. a moça não conseguiu se despedir. não foi dada a ela a oportunidade de confessar ao homem amado o tanto que ele significava para ela. restou apenas o silêncio. mentira, sobrou também uma dor enorme. a dor maior do mundo que nem ela sabe medir. muito politicamente incorreta que sou, quando  informada da morte de alguém, pergunto se o morto havia avisado que estava para partir. faço isso por acreditar que quando temos a chance da despedida, os rompimentos são menos violentos. podemos sentar e dizer ao ser amado todas as palavras de amor que economizamos por vergonha, mesquinharia, ou, simplesmente, porque o amor era a rotina. quando sabemos que aquela vai ser a última vez, podemos guardar na memória o último beijo. será que a moça do rio de janeiro se lembra como foi? um selinho de oi, ou um de perder o fôlego. conscientes do fim soprando na nuca, a última vez do amor pode se transformar quase numa oração. ah! se a gente soubesse que nunca mais, talvez faríamos tudo diferente!! tudo muito melhor!!! nada mais triste do que histórias de amor que terminam antes de acabar o amor....oi, amor.




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