quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

bater tambor

eu sou péssima e auto-suficiente até o talo. acho que dou conta de resolver tudo sozinha. nunca mostro para o mundo minhas dores. posso estar sofrendo que nem cachorro que caiu do caminhão da mudança e não consegue achar a casa, que não passo recibo. tenho como lema de vida que a dor é minha e não de mais ninguém e eu que trate de cuidar dela sem atormentar o público pagante e o não-pagante. devo ter vivido uma das maiores dores do mundo há alguns anos quando me separei. fiquei mal que nem o pica pau. sofri...doeu...chorei horrores...até pensei em me machucar para ver se eu substituia a dor no peito por uma dor no corpo. foi do tipo de dor que a pele dói. nunca antes tinha sentido dor na pele até esse período. pois é. poucas, muito poucas pessoas ficaram sabendo do que eu estava passando. para o resto do mundo, lá estava eu: linda e ruiva. poderosa, gostosa, boa profissional, e pegando moços mais novos e sexualmente eficientes. a regra era, porém, não se empolguem rapazes que desse mato não sairia coelho de jeito algum. a quase única ajuda que eu me permitia era a terapia e eu justificava para mim mesma: já que eu estou pagando, ela (a terapeuta) podia me ouvir. levei broncas homéricas, mas não me emendei. no meio do ano passado, vivi uma experiência um tanto punk de saúde. nada que iria me matar, ou contagioso. nada disso. mas foram pelo menos dois momentos de muita, mas muita dor. e, eu...muito auto-suficiente (queria falar fodona, mas me censurei!!) fui parar sozinha, dirigindo, numa mesa de cirugia, sem anestesia...doeu...doeu...e eu lá...sem ter uma mão amiga para segurar ou, pelo menos, uma carona para me levar em casa....e olha que não é por falta de para quem recorrer. na semana passada, um susto. o médico dos peitos resolveu que  o caroço com o qual ele implicava há uns três anos devia ir cantar em outra freguesia. consulta na terça e extração do dito-cujo na quinta. só que dessa vez, eu resolvi ser diferente e bati tambor. contei para meio mundo o que ia acontecer. falei dos meus medos de o tal caroço ser do mal. usei a rede social para dar up-date da minha recuperação aos amigos. e qual foi o resultado dessa mudança de atitude? eu me senti acolhida. eu dei às pessoas a oportunidade de elas se manifestarem e elas o fizeram. tive colo. tive cuidado. recebi afeto. recebi carinho....claro que tem sempre um bobo que não deu bola....bolo ele...mas, sendo totalmente franca e grata..valeu muito a pena ter quase atravessado a sapucaí tocando meu bumbo..aprendi....

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