sexta-feira, 7 de maio de 2010

dia das mães

disse vinícius: filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los, como sabê-los. disse o tourinho: filhos, melhor não tê-los, mas se tê-los, onde metê-los. esse texto é sobre ser mãe e sobre ter filhos e em atenção à uma provocação recebida. tenho um pequeno, mas fiel fã clube, e andei me descuidando dele. so...vamos lá. eu já fiz um monte de bobagem na vida. não dá para listá-las, porque o espaço é pequeno para o tanto de bestagem feita. mas, já peguei carona sozinha na baixada fluminense, já transei sem camisinha com desconhecidos, já transei sem vontade, casei com o homem errado e comi o pão que o diabo amassou. a lista é bem grande. mas, como sou absurdamente tássia, não me arrependo de nenhuma delas. elas são o que eu sou. eu sou uma produção também das bobagens feitas. em compensação, muitas e muitas vezes escolhi a porta certa e entrei. muito bem, que às vezes eu tinha que ficar grande ou ficar pequena, que nem a alice, para atravessar os portais que foram se escancarando à minha frente. de qualquer forma, eu passei por eles.também não me arrependo dos acertos, mesmo que eles, muitas vezes, sejam muito mais monótonos do que as escapadas. não existe nada melhor, por exemplo, do que uma trepada sem plástico. só que não pode, né. bom, o tema não é minha aversão à borracha, nem a infeliz alergia que eu tenho à substância. mas, ser mãe. quando meu primeiro filho nasceu, eu era quase uma menina. é claro que eu achava que não. como disse linhas atrás, eu sou muito metida. achava, então, que tinha toda a maturidade e responsabilidade do mundo para cuidar de uma outra vida. hoje, vejo que não tinha. aliás, nem sei se tenho atualmente, porque, fala a verdade, ser responsável por um outro ser é uma tarefa pro batman e eu não sou nada super herói. mas, depois de quase uma semana que o moleque passou no hospital aprendendo a respirar, lá estavam nós dois. a hora do juízo final. não tinha outro jeito. era eu e ele. é lógico que muitas outras pessoas ajudavam, mas no frigir dos ovos, eram nós dois. foi fácil? não. não foi. me lembro de ter deixado de comprar comida para nós adultos, porque o pequeno tinha alergia à lactose e leite de soja àquela época era cotado a preço de ouro. hoje mesmo comprei novomilke para a carol e achei a maior graça no preço. mas, há 21 anos, eu era umas cinquenta vezes mais dura e a soja caríssima. mas, nunca faltou. desenvolvi pânico. achei que não daria conta. mas, fomos que fomos nós dois. me lembro como se fosse hoje, de ele cantando pintinho amarelinho no colo da primeira professora e o mais esquisito era que ele era muito maior do que o resto da turma, apesar de ser o mais novo. tão branco o menino. só tinha olho! o moleque foi crescendo junto comigo e lá pelas tantas reivindicou um irmão. o seu desejo é uma ordem. lá veio o outro. mais um susto. mais um tempo para o menino aprender a inspirar e a botar o ar pra fora. mas, lá estava eu de novo com uma coisica minúscula. porque, esse era um trisco. só tinha cabelo. ao contrário do irmão, a cabeleira era da cor das penas do tiê. dessa vez, foi mais fácil. o miserê era menor. eu tinha onde cair morta. mas, para isso, trabalhava três turnos. no primeiro aniversário desse pequeno, fui parar no hospital logo após a festa. pneumonia, o diagnóstico. se a dona aparecida tivesse viva, ela teria dito que a moléstia era do tipo galopante. o médico queria internar. negociei por uma dose cavalar de antibiótico. mãe internada não orna. e continuei a virar gente grande ao lado dos dois. apesar de toda a correria, não perdi uma festa, uma apresentação. acho que já escrevi isso, mas não há preço que pague a alegria do olhar do filho, quando ele te enxerga no meio das outras mães. em compensação, nunca tive coragem de levar pivete para tomar vacina. se dependesse de mim, eles tinham pegado toda e qualquer pereba, mas eu, simplesmente não dou conta de ver filho meu sentindo dor e isso até hoje. e é tão engraçado isso. atualmente, eles se machucam e já gritam para eu não chegar perto e o lucas vive me vigiando para assegurar que eu não me suicide involuntariamente, porque eu tento, às vezes.  falo que passei dos vinte aos trinta cuidando de menino pequeno. todo mundo viajava e eu lá...pajeando menino. hoje, mais de vinte anos depois, posso dizer com toda a certeza desse mundo, que não há nada que eu tenha feito na minha vida, mas nada, de jeito nenhum, melhor do que ter tido a coragem de colocar esses dois no mundo. atualmente, ando com vontade de repetir a dose, mas não sei se tenho a enegia suficiente para começar de novo. gosto de dormir a noite inteira. gosto de sair. gosto da autonomia conquistada. mas, a vontade está lá. dia desses, não sei quem falou de eu ser avó. nem penso nisso. se for para ser, o que eu quero é ser mãe mais uma vez. e depois desse tempo todo, eu tenho duas certezas. a primeira é que por mais que tenha feito tudo para acertar, eu errei aos montes. por isso, é obvio que eles vão falar mal de mim pro analista. o que eu faço é me conformar com isso. eu sou gente e gente faz merda. a outra certeza é que a felicidade deles depende da minha felicidade. por isso que eu brigo para as mães priorizarem a felicidade delas. mãe infelizes criam filhos infelizes. não tem outro jeito. acho que é isso. ah! os presentes de dia das mães são benvindos.....

2 comentários:

  1. Amei! Desculpa por nao ter postado nada antes!
    Te adoro
    Mirian

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  2. LIndo!!!!!Que forma linda de dizer adoro ser mãe.
    Um beijão!!!

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