domingo, 9 de maio de 2010

a menina da foto

entre as muitas fotos que estão espalhadas pela minha casa, há uma em que estou no colo do meu pai na piscina. na fotografia, que é em preto e branco, eu sou uma menininha muito magrinha, só de calcinhas, muito clara e com uma cabeleira revolta (como é até hoje) e escura. acho que essa é a única foto que tenho com meu pai. acredito que nos anos setenta não havia muito o costume de tirar retratos e, eu e ele não tivemos muito tempo para outras fotografias. ele se foi algum tempo depois. essa foto está no meio de muitas outras. a dona carolina é muito mexenta, e adora fazer um check list  aqui em casa. toda santa vez que ela aparece na área, vai de objeto em objeto para ver se há novidades. sempre encasqueta com as mesmas coisas. e coisas que ela está careca de saber que não pode mexer. não, não pode mexer nos bichinhos de cristal, nem na bonequinha russa. mas desta vez, ela parou na foto da menininha com o pai. não sei se eu ou a karina, mas, ao ser perguntada quem era a menina na foto, a carol não titubeou: sou eu. é a caiol. não, carol, é a tia aíssa. isso, carol, sou eu na foto. não. não é. é a caiol. ela insistiu várias vezes e lá pelas tantas, com ameaça de choro. como, a perspectiva não era das melhores e naquele caso, contrariar a carol não ia nos levar a lugar algum, deixamos assim mesmo. mas, aí, perguntamos. tá bom, é a carol no colo e, então, quem é o moço que está com a carol no colo? resposta dela: é a vovó. não, carol, não pode ser a vovó. a vovó é mulher e essa pessoa é um homem. quem é então? é o vovô, foi a resposta dela. de onde ela tirou isso, não tenho ideia, mas decidiu que a menininha é ela no colo do vovô. infelizmente, a carol pegou um avião de volta para casa. e agora à noite em casa. já no sossego, tive tempo para ver um episódio de grey's. ando implicando com a série, mas não consegui assinar o papel do divórcio. coube à cristina yang cuidar de uma menina de nove anos, cuja mãe estava sendo operada e acaba morrendo na mesa de cirurgia. antes de saber da morte, a pequena pergunta como seria se a mãe morresse e a cristina vai explicando quais as sensações que temos quando perdemos um ser amado. mas, depois de colocar a criança para dormir, a cristina desaba: i miss my dad! é cristina, i also miss my dad e como seria bom se num dos porta-retratos aqui de casa tivesse, de verdade, uma foto da carolina no colo do avô.

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