quarta-feira, 26 de maio de 2010

o kit da vez

toda vez que eu viajo, carrego as minhas tranqueirinhas: anéis, colares, brincos e afins numa bolsinha de primeiros socorros. comprei ou ganhei tal bolsinha há anos, quando algum gênio da lâmpada da burocracia brasileira decidiu que os motoristas deviam levar no carro um kit de primeiros socorros. todo mundo comprou uma bolsinha. virou febre nos camelôs da vida, até que um mais iluminado se tocou da bobagem é acabou com a regra. o kit da vez é a obrigação de as crianças serem transportadas em automóveis em cadeirinhas específicas. para complicar um pouco mais, o tamanho das dita-cujas varia de acordo com a idade do pequeno. as pessoas flagradas com crianças nos carros sem o equipamento vão pagar multa de quase duzentos reais, ganhar sete pontos na carteira e o carro vai ser apreendido. imagina a cena: a pobre da mãe com o carro preso nos detrans da vida com o moleque gritando ao lado. antes de levar uma bronca, preciso ressaltar que nunca nesta vida meus filhos ficaram em um carro em movimento sem cinto de segurança. somos tão neuróticos com isso, que pedimos aos adultos que entram no carro que coloquem o cinto. mas, vamos à realidade. como vai ser a vida da mãe que depende de carona? com uma mão ela carrega o menino, com a outra a sacola do menino, a bolsa dela própria e a cadeirinha? e quem viaja? vai carregar a cadeirinha no avião, ou no ônibus para que ela seja instalada no carro a ser usado fora de casa? o conatran estuda a possibilidade de estender a medida para os transportes urbanos. onde mesmo que os motoristas de táxi vão guardar quatro cadeirinhas diferentes se isso acontecer? ou, então se tiverem mais juízo, vão simplesmente se recusar a fazer viagens com crianças pequenas como passageiros e por aí vai. para ficar um pouco pior, é lógico que tal regra vai funcionar, se pegar, apenas nos grandes centros. no interior miserável deste brasil, em que as crianças são levadas para a escola em boléias de camionetes velhas, alguém vai cobrar uso de cadeirinha? será mesmo que não é hora de os fazedores de leis desse país começarem a pensar no que é viável? no que é razoável? no que pode ser fiscalizado? que tal os homens públicos aprenderem a enxergar o brasil como ele é? tá certo que não somos só a índia, mas estamos longe de bélgica! tem dó, né!

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