domingo, 21 de março de 2010

cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é

hoje é domingo e domingo é dia de jogo. para quem gosta de futebol, entende as regras e torce muito para um time, é sempre uma angústia. eu sou botafoguense. e torço pro alvinegro desde que me entendo por gente. dia desses me perguntaram por que não mudo de time, já que o botafogo costuma me causar enormes dores. respondi que quem troca de time depois de velho devedeter problemas de caráter. e como não é o meu caso, sigo na minha torcida. eu decidi que iria virar botafoguense quando era bem menina. e foi uma decisão complicadíssima, porque naquela época o flamengo era o rei da cocada rubro negra. era o time do zico, júnior, andrade, adílio e aquele horroroso do nunes. o nunes e aquele jogador do palmeiras que tinha um olho em cima e outro embaixo (que eu esqueci o nome) rivalizam no posto de jogador mais feio da história. bom, todos os meus amigos eram flamenguistas e na minha casa, por influência materna, a moçada era fluminense. e eu lá firme. para dificultar um pouco mais a vida da menina, fazia anos que o botafogo não ganhava nem campeonato de purrinha. só perdia. mas, eu não desistia e resistia bravamente a todas as gozações e sacanagens. a vida foi passando. em 1989, nasceu meu primeiro filho - é...quando todo mundo ainda brincava de boneca, eu fazia bonecos. foi em abril que o guri estreou na vida. em junho, mais especificamente no dia 21, era o último jogo do campeonato carioca. na disputa final: botafogo e flamengo. era uma quarta-feira à noite e eu e o bebê estávamos sozinhos no apartamento. o jogo passando na televisão e eu alternando entre a torcida e as mamadas. segundo o google, aos 21 minutos do segundo tempo, o jogador maurício, que vestia a sete, marcou o gol da vitória e do título, depois de 21 anos de jejum. o botafogo havia ficado mais tempo sem ser campeão do que eu tinha de vida. e eu comemorando em casa, sozinha com o nenê no colo. até que o telefone danou a tocar. o meu povo ligando para me dar parabéns. para elogiar a minha persistência. no dia seguinte, um telegrama chegou lá em casa. era do meu avô e no texto um enorme: parabéns!!! o vô só mandava telegrama em grandes e importantes ocasiões. quase morri de alegria. caramba! como as pessoas que me amavam e espero que continuem me amando torceram por mim naquela noite de quarta-feira. o time pode até perder no jogo deste domingo. como diz uma amiga de uma amiga. "nem te ligo, farinha de rosca".

"ser botafogo é garrinchar a vida com a elegância de um nilton Ssantos e as peraltices de quarentinha. é gostar de peleja, vitalidade, capacidade de decidir, autenticidade, batida de limão, filé com fritas, passear na chuva, sanduíche de mortadela, filme de heroísmo, goleiro valente, contrastes intensos; é curar gripe com alho, mel e agrião. na adversidade, o botafoguense não come mel; come abelha para continuar e construir." paulo alberto monteiro de barros  



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