domingo, 28 de março de 2010

carta pro rodrigo

em 1982, o brasil tinha o melhor time desde a conquista de 70. eu sei que você deve saber a escalação de cor e salteado, mas vamos lá. do meio campo pra frente: cerezo, sócrates, falcão, zico, éder, serginho. no banco, telê santana, que dizem os entendidos de futebol era bom de armar ataque, mas ruim na defesa. nisso eu concordo, porque ele deixou de fora o paulo sérgio, que catava muito mais bola do que o titular waldir péres (além de ser do botafogo e lindo de marré de si). todo e qualquer brasileiro tinha certeza que depois de doze anos, a copa do mundo seria nossa de novo. só que não contávamos com um carcamano fedaputa que meteu três gols e o canarinho meteu o rabinho e as asinhas alquebradas entre as pernas e voou de volta. você não tem a noção do tamanho da tristeza e da desolação. o time era muito bom. a crença na conquista era enorme. logo após a derrota, o drummond escreveu a crônica perder, ganhar viver. o fim era assim: eu gostaria de passar a mão na cabeça de telê santana e de seus jogadores, reservas e reservas de reservas, como roberto dinamite, o viajante não utilizado, e dizer-lhes, com esse gesto, o que em palavras seria enfático e meio bobo. mas o gesto vale por tudo, e bem o compreendemos em sua doçura solidária. ora, o Telê! ora, os atletas! ora, a sorte! a copa do mundo de 82 acabou para nós, mas o mundo não acabou. nem o brasil, com suas dores e bens. e há um lindo sol lá fora, o sol de nós todos. em 1986, o time estava meia bomba e já pressentíamos que não iria dar. até o zico perdeu penalti. em 90, um tal de lazaroni assumiu a seleção. aí que danou-se tudo mesmo. mais chororô nas ruas...mais desânimo...mais vontade de entocar a viola no saco, mas a esperança sempre renasce. em 94, chegamos aos estados unidos com um time liderado pelo baixinho, e apesar da irreverência romariana, o futebol era considerado burocrático, besta, sem muita imaginação. o dunga, pobre dunga...apanhava até. mas, não é que outro carcamano - desta vez muito gentil - errou a mira e o caneco desembarcou nas terras das palmeiras onde o sabiá canta. a vida é que nem a copa. às vezes a gente ganha. em outras a gente bota o rabinho entre as pernas e vai chorar as pitangas. mas, o que não dá é para alongar o tempo de lamúrias, porque como disse o poeta, há um lindo sol lá fora e urge treinar pra copa seguinte. afinal, o bom mesmo é dormir com o sorriso da vitória no rosto!

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