quinta-feira, 18 de março de 2010

só faltou a terra tremer

era outubro em brasília. fazia aquele calor tão comum dos outubros em brasília. a cidade, assim como o resto do brasil, estava se preparando para a chegada do verão. aquela minha amiga que vai me levar cigarro quando eu for flagrada em blitz e parar na cadeia, estava em santiago do chile. (aliás, falando nisso, dia desses nós duas fechamos e beirute e eu voltei dirigindo para casa. num é que tinha uma blitz no caminho. fizemos cara de senhoras sérias de meia idade, com uns providenciais oclinhos na ponta do nariz...). bom, voltando ao chile. tava eu aqui de bobeira, quando a outra ligou e chamou: vem passar o fim de semana aqui?! eu tinha uns dois dias de folgas. sempre tenho uns dias de folga e lá fui eu a bordo de um avião da varig. santiago estava tão quente quanto brasília. aí, as roupinhas de verão que eu tinha levado estavam apropriadíssimas. e já que estava quentinho, que tal uma praia no pacífico? qual roupa que se leva pra praia? biquini, chinelo, short e camisetas...como eu sou um pouco, mas só um pouco prevenida - quase nada, na verdade, catei umas duas blusas de manga comprida, uns dois casaquinhos leves e dois pares de meia. lá foram as duas todas achando que eram gente pra praia no pacífico. conosco, um amigo e a namorada russa dele , que chamava olga e detestava pablo neruda. segundo ela, neruda era um big de um machista. na praia, todo mundo na areia de jeans e casaco. a primeira visão foi do carro. quando abrimos a porta, e o vento gelado nos pegou, entendemos o motivo. ah! ventava...ventava....ventava e era um vento daqueles que doem nos ossos de tão frio. bom....não estávamos devidamente trajados para pegar um bronze no sol pacifiquense, então....fomos almoçar, né. vai ver de barriga cheia e uma meia dúzia de copos de cerveja, o frio diminuia. paramos em um restaurante na beira da praia, já perto de viña del mar..a russinha implicava com o neruda, mas era ótima de copo e garfo. e lá veio a conta. ela anunciou que não tinha dinheiro. cada um dos três outros sacaram seus cartões de crédito, mas....o estabelecimento não trabalhava com dinheiro de plástico. foi um tal de catar peso na carteira, no fundo do bolso, na bolsa. felizmente, demos conta de juntar o suficiente para não ter que ir lavar a louça, mas ficamos totalmente quebrados. de short, camiseta e sandalinha, tiritando de frio e duras que nem..... pois é...o google havia nos informado que há um cassino em viña, e que o hotel do cassino era tudo de bom e aceitava cartão de crédito. só que, como disse, estávamos vestidas como quem vai pra praia na bahia. não conseguimos passar nem do moço que abre a porta do carro. o sujeito me olhou de cima em baixo e anunciou: não temos vagas....muito que bom..sem um tostão, mortas de frio e sem hotel. lá pelas tantas, conseguimos um pouso. isso depois de rodar um tantão pela cidade. só que tínhamos que jantar e se de dia tava gelado, imagina a noite. na falta de um casaco e uma calça, improvisamos. mesmo porque, não tinha um raio de uma loja aberta....imagina a cena: as duas de short, blusas de manga comprida, meia e chinelo!!! gente...meia e chinelo é uma combinação forbidden by law!!! mas, traçamos uns mexicanos e enchemos a cara de tequila. lá pelas tantas, estávamos lindas!!!!...é impressionante o efeito do álcool na auto-estima. no dia seguinte...com igual outfit fomos ao cassino. não conseguimos jogar...ninguém nos deu bola. mas, sabe quem nos deu bola...um guarda de trânsito quando estávamos voltando para santiago. ele nos parou e quando soube que o motorista era brasileiro, encasquetou que era proibido usar a carteira de motorista do brasil no chile. tivemos que ligar pro cônsul...porque...senão...tava boa a chance de morrermos de frio no distrito policial...é...só faltou mesmo o chão tremer...o resto....

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