terça-feira, 23 de março de 2010

a dor da gente não sai no jornal

uma vez, há um tantão de tempo, tava reclamando da vida com meu avô. dizia que tudo que eu queria na vida era ser linda e rica que nem a grace kelly (ou qualquer outra que é rica e linda). o vô, lá, ouvindo as minhas bobagens. o meu argumento era que a vida de quem é lindo e rico é muito mais fácil. o seu geraldo ouviu as minhas lamúrias, mas contra-argumentou que ser pobre e nem tão linda - ou feinha, mas ajeitada - ou engraçadinha (cara!!! engraçadinha é foda!!) - tem suas vantagens. olha só, disse ele, pelo menos você vai ter sempre a certeza que nenhum sujeito se aproximou de você por qualquer outro interesse, que não seja você. a pobreza e a economia na boniteza são um antídoto para os bichos escrotos. lembrei do meu avô porque hoje foi um dia que sem um motivo específico baixou a maior tristeza do mundo. os olhos estão em maré alta desde cedo e qualquer cenho franzido é o suficiente para eu ir buscar uns kleenex. decidi dar publicidade à minha tristeza. vai ver conseguia um colo, mas só o que rolou foi a recomendação de ir malhar e liberar endorfina. bom...podia, pelo menos ser outro o jeito da ativação do hormônio. aí, pensei na música do chico que conta a história da moça que tentou contra a existência no humilde barracão. a dor da mulher não saiu no jornal e nem a minha vai. eu que trate de me aprumar. ir correr amanhã. morrer numa grana no salão. ajeitar o cabelo, fazer a unha, comprar uma roupa, dar beijo na boca. enfim.....mas, não é que nisso o vô também tinha razão? compartilhar dor com o resto do mundo não é remédio, mas sim o veneno. imagina o mundo discutindo a sua dor? dando pitaco? se metendo? é....pensando bem...coitada da suzana vieira!

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